A pandemia do novo coronavírus, que já contaminou mais de 1 milhão de pessoas e matou 65 mil em todo o mundo até este domingo, 5, já apresenta reflexos nas Eleições 2020 em Manaus e no interior do Amazonas e terá um impacto direto neste período de pré-campanha eleitoral, independente se o pleito for adiado ou não.
Em entrevista para O Poder, especialistas comentam as adaptações que aspirantes neste pleito terão que fazer em suas campanhas de forma a não ter “prejuízos” na disputa.
O advogado e cientista político Carlos Santiago destacou que o foco no combate ao Covid-19 esfriou o clima de pré-campanha, lembrando ainda que o foco da mídia está distante da cobertura pré-eleitoral. Para Carlos, o maior aliado do candidato serão suas redes sociais.
“Todo foco da mídia está direcionado para a cobertura das ações contra o vírus. A legislação eleitoral vigente autoriza os postulantes e os partidos políticos a se movimentarem, nesse período pré-eleitoral, só não liberou o pedido explícito do voto. Portanto, já existe um prejuízo que poderá ser ‘compensado’ com a utilização das redes sociais e o impulsionamento das páginas dos pré-candidatos como estratégia de comunicação com o eleitor”, disse Santiago.
Apesar do preocupante cenário criado pela pandemia de coronavírus, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), garantiu que segue cumprindo com o calendário, sem alterações. Alguns representantes políticos já pedem a alteração nas datas da eleição, para Carlos Santiago a mudança pode causar prejuízo.
“As eleições são momentos únicos num país democrático em que o povo avalia, elege ou reelege os seus representantes e seus governantes. Adiar as eleições seria um prejuízo a sociedade e o enfraquecimento da democracia”, disse o cientista político.
‘Era digital, o pulo do gato’
O marqueteiro político Marcos Martinelli ressalta também que a “Era Digital” será ainda mais importante para as eleições deste ano, modificando todas as estratégias aplicadas em 2018, “ano das grandes surpresas e de desespero e encolhimento dos grandes partidos”, destacou.
“Para um correto posicionamento no tabuleiro das eleições 2020, mantidas no prazo atual ou adiadas, os políticos têm pouco tempo para sintonizar seus discursos e ações às novas e claras demandas populares por serviços de qualidade, tudo acompanhado em tempo real. Com este novo cenário confuso e participativo como nunca, discutido online, com nervos à flor da pele, a campanha, já começou”, diz Martinelli.
As convenções partidárias, onde serão escolhidos e ratificados os candidatos majoritários e as chapas proporcionais acontecerão, se nada mudar, entre julho e agosto, mas até lá, pretensos candidatos, tanto a prefeito quanto a vereador, têm usado e abusado de suas redes sociais como forma de se manterem ativos, lembrados e conhecidos, neste momento que o contato direto com o povo, o corpo a corpo e as reuniões comunitárias e de base estão suspensos.
Ericles Albuquerque, para O Poder
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