Com dificuldades para fechar o número mínimo de assinaturas para emplacar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde, na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), o autor da proposta, deputado delegado Péricles (PSL), já considera ampliar o raio de investigação das irregularidades na saúde do Amazonas a partir do ano de 2015 para cá, englobando os governos de José Melo (Pros), Amazonino Mendes (Podemos) e Wilson Lima (PSC).
Se a CPI vingar, a comissão deve se debruçar no escândalo de corrupção na saúde do Amazonas deflagrado pela Polícia Federal no final de 2016, que ficou conhecida como a “Maus Caminhos” e que foi a causa da prisão do ex-governador José Melo.
Se a proposta passar pela Assembleia, vai ser a primeira vez também que os deputados irão esmiuçar os “segredos” que envolvem a pasta da saúde e o uso dos recursos públicos pela secretaria, já que na legislatura anterior no auge dos escândalos da “Maus Caminhos”, os então deputados estaduais, Luiz Castro (Rede) e José Ricardo (PT) tentaram, em vão, emplacar uma CPI da Saúde.
Péricles, que está em seu primeiro mandato legislativo, diz que já conseguiu cinco assinaturas digitais para sua CPI e, que faltam apenas três para que a comissão prospere. Ele está confiante que na próxima terça-feira, 12, quando vai completar duas semanas que anunciou o objetivo de investigar a crise na saúde, consiga as assinaturas restantes. Segundo ele, a CPI não “vai morrer e nem perder força”.
Na avaliação do deputado, uma CPI foi a única forma que ele enxergou para efetivar a real possibilidade de obter a transparência com os gastos na saúde do Estado, principalmente nesta época de pandemia no Amazonas.
“Infelizmente a instalação dela não depende apenas da minha iniciativa e por isso tenho reforçado diariamente pela sensibilidade e atenção dos deputados para essa urgente necessidade de fiscalização a fim, unicamente, de evitar mais mortes do que já temos até hoje. É evidente a má gestão e precisamos como legislativo atuar de forma real sobre o que está errado. Sigo no aguardo da assinatura de mais deputados que entendam minha propositura e a urgência da necessidade de fiscalizar”, disse.
Condições para assinar
Felipe Souza (Patriota) foi o único dos deputados que durante as sessões virtuais se comprometeu assinar a CPI da Saúde caso ela investigue governos anteriores.
“Estou aguardando o deputado Péricles fazer as alterações e me enviar. Assim que isso ocorrer vamos verificar e estando tudo correto assino”, declarou.
Durante as sessões virtuais da Aleam, desde que foi anunciada a CPI da Saúde, os deputados governistas Sinésio Campos (PT), Joana Darc (PL), Belarmino Lins (PP), Cabo Maciel (PL) e Alessandra Campêlo (MDB) também chegaram a afirmar que se a investigação abrangesse governos anteriores a partir de 2015 a 2020 assinariam o documento.
O Portal O Poder entrou em contato por telefone e via mensagens pelo whatsapp com os deputados para saber se eles vão manter a promessa de assinar o pedido nestas condições, mas até o fechamento desta edição não obteve resposta.
Augusto Costa, para O Poder
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