Um dia depois de ter a sua palestra cancelada na Argentina, Sergio Moro revelou que, depois do episódio, multiplicaram-se os convites para outras conferências na Argentina. “Eu devo realizar alguma outra conferência. Depois do cancelamento, muitos argentinos entraram em contato, lamentando o havido e ofereceram para realizar a conferência em outro cenário, em outro contexto”, revelou Moro em entrevista ao canal argentino de notícias La Nación Más (LN+).
A entrevista aconteceu nesta sexta-feira (29) logo após o cancelamento da palestra “Combate contra a corrupção, democracia e estado de direito”, que aconteceria na Faculdade de Direito da principal universidade argentina e uma das mais destacadas da região, a Universidade de Buenos Aires. O evento seria realizado pela plataforma digital Zoom no dia 10 de junho às 10 da manhã.
Esta seria a primeira palestra internacional de Moro desde que saiu do governo Bolsonaro no dia 24 de abril.
Porém, logo após a divulgação do evento, apareceram expressões de repúdio por parte de políticos, profissionais e acadêmicos identificados com o kirchnerismo, setor liderado pela vice-presidente Cristina Kirchner e alinhado com o ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. O organizador do evento, o Centro de Estudos sobre Transparência e Luta contra a Corrupção, decidiu suspender a atividade.
“Houve um misto de intolerância e de pressão política num cenário de polarização que afeta tanto o Brasil quanto a Argentina. Não levo isso para o lado pessoal. Essa polarização política dificulta o diálogo e o debate”, avaliou Moro sem, no entanto, esconder a sua surpresa por se tratar de um setor onde a liberdade tenderia a prevalecer.
“Acho que o ambiente acadêmico é um ambiente próprio para o pluralismo, para o debate e para a liberdade de expressão”, considerou.
O ex-juiz e ex-ministro comparou a censura que sofreu com uma prática comum às ditaduras dos anos 70, tanto na Argentina quanto no Brasil. “Esse tipo de situação de impedir palestras é mais ou menos o que se fazia no passado quando se queimavam livros em situações arbitrárias”, refletiu. “Não me parece a postura mais apropriada do ponto de vista da tolerância”, acrescentou.
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