Embora as mulheres representem 52% do eleitorado em Manaus, atualmente com mais de 1,3 milhão de eleitores, a ausência de candidatas na disputa para o cargo de chefe do Poder Executivo municipal na eleição 2020, só “confirma o mandonismo, o machismo e a cultura patriarcal nas administrações públicas e de Poder no Brasil”. A conclusão é do Comitê do Amazonas de Combate à Corrupção e Caixa Dois Eleitoral que divulgou nota na sexta-feira, 4, falando dessa realidade política amazonense.
A ausência de negros e indígenas ao cargo majoritário nesta eleição também é destacado pelo comitê em trecho da nota pública.
De acordo com o comitê, Manaus não vai poder contar com uma candidatura feminina à eleição majoritária. A afirmação é baseada no atual cenário das convenções partidárias, cujos partidos políticos, até o momento, confirmaram apenas homens como pré-candidatos a prefeito de Manaus.
A falta de candidaturas de mulheres à Prefeitura de Manaus, “revela cenário que contrasta com os números de eleitoras e as lutas de emancipação das mulheres no município de Manaus e no Brasil”. E que o “atual quadro reafirma que o Sistema Político do Brasil não representa a maioria do povo brasileiro”, afirma trecho da nota.
Os membros da instituição, dizem ainda que “O machismo e o patriarcalismo são reais e se apresentam como sistêmico e estruturante. Eles (machismo e o patriarcalismo) alcançam as instituições estatais e entidades da sociedade civil, como os partidos políticos, independentemente das ideologias ou cores”.
O comitê criticou os partidos políticos que não lançarão mulheres como candidatas ao cargo de chefe do Poder Executivo nas prefeituras do Amazonas. “As instituições partidárias deveriam ser a força motriz dos valores e práticas democráticas, mas com raras exceções, não rompem com a estrutura viciada de negação ao espaço das mulheres na vida política do país”, afirma a nota.
Confira na integra a nota
NOTA PÚBLICA
Eleição majoritária sem a força das candidaturas de mulheres
No período das convenções partidárias, que definirão os candidatos e candidatas à Prefeitura de Manaus, os eleitores e eleitoras constatam a situação de que não haverá candidatura feminina para disputar o cargo de prefeito. As mulheres representam 52% do eleitorado no município de Manaus, atualmente com mais de 1,3 milhão de eleitores, e não irão poder contar com uma candidatura feminina à eleição majoritária.
Na avaliação da coordenação do Comitê Amazonas de Combate à Corrupção e Caixa Dois Eleitoral a ausência de candidaturas de mulheres à Prefeitura de Manaus, revela cenário que contrasta com os números de eleitoras e as lutas de emancipação das mulheres na capital amazonense e no Brasil.
O atual quadro reafirma que o Sistema Político do Brasil não representa a maioria do povo brasileiro. O machismo e o patriarcalismo são reais e se apresentam como sistêmico e estruturante.
Eles (machismo e o patriarcalismo) alcançam as instituições estatais e entidades da sociedade civil, como os partidos políticos, independentemente das ideologias ou cores.
As instituições partidárias deveriam ser a força motriz dos valores e práticas democráticas, mas com raras exceções, não rompem com a estrutura viciada de negação ao espaço das mulheres na vida política do país.
De acordo com a coordenação do comitê, as mulheres são importantes não somente como eleitoras, mas também como protagonistas de propostas de política pública, bem como na sua execução, em especial, nas decisões sobre os rumos das cidades.
Constata-se ainda, na cidade de Manaus e no Brasil, a falta de participação de negros e indígenas nos governos e na representação política.
As eleições de 2020 para prefeito de Manaus e para a chefia do Poder Executivo na maioria das cidades do Amazonas, pelo atual quadro eleitoral, só irão confirmar o mandonismo, o machismo e a cultura patriarcal nas administrações públicas e de Poder no Brasil.
O Comitê Amazonas de Combate à Corrupção e ao Caixa Dois Eleitoral pede reflexão dos partidos políticos e do eleitor no Amazonas sobre essa realidade desfavorável às mulheres e à democracia.
Precisamos mudar esse quadro social e político.
Manaus, 04 de setembro de 2020.
Comitê Amazonas de Combate à Corrupção e ao Caixa Dois Eleitoral
Augusto Costa, para O Poder
Foto: Divulgação