Dez dias antes do término de seu mandato, Donald Trump enfrenta uma pressão cada vez maior por sua renúncia, até mesmo entre os republicanos, para evitar um processo de impeachment que se anuncia iminente, embora com poucas chances de sucesso, em meio à crise política, de saúde e econômica nos Estados Unidos.
Após pedidos dos senadores republicanos Ben Sasse e Lisa Murkowski, o senador Pat Toomey disse no domingo (10) à rede CNN que a renúncia do presidente “seria a melhor solução”.
Trump “chegou a um nível de insanidade (…) absolutamente impensável” desde que o democrata Joe Biden venceu as eleições de novembro, acrescentou.
“A melhor coisa para a unidade do país seria se ele renunciasse”, disse à ABC Adam Kinzinger, legislador na Câmara de Representante e o primeiro republicano a pedir na quinta-feira que o presidente seja declarado “inapto”.
Isolado na Casa Branca, abandonado por vários de seus ministros e afastado de seu vice-presidente Mike Pence, Trump não dá, porém, qualquer sinal de que esteja pensando em renunciar, segundo assessores citados pela imprensa americana.
A líder da maioria democrata na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, disse ontem que está pronta para lançar um segundo processo de impeachment contra o presidente, a menos que ele saia da Casa Branca nos próximos dias.
Após a violência dos apoiadores de Trump que invadiram o Capitólio na quarta-feira, a Câmara deve decidir nestas segunda e terça-feiras sobre uma resolução pedindo ao vice-presidente Pence e ao gabinete que removam Trump do cargo, invocando a 25ª Emenda à Constituição.
Se isso não acontecer, “a legislação sobre o processo de impeachment será apresentada” aos legisladores, escreveu Pelosi em carta aos parlamentares.
“Para proteger nossa Constituição e nossa democracia, vamos agir com urgência, porque este presidente representa uma ameaça iminente para ambos”, acrescentou Pelosi, que manteve uma relação tensa com o presidente durante seus quatro anos no governo.
Trump já respondeu a um processo de impeachment no Congresso, que tem maioria democrata na Câmara dos Representantes, em dezembro de 2019. Ele foi acusado de pressionar o governo ucraniano a investigar Joe Biden. Acabou absolvido pelo Senado, de maioria republicana, no início de 2020.
O tempo está apertado, já que Biden deve tomar posse em 20 de janeiro e, embora o impeachment possa começar, os democratas devem ganhar o apoio de seus rivais republicanos no Senado para concluir a destituição do presidente do poder.
É improvável que consigam aliados suficientes para alcançar a maioria de dois terços dos 100 membros do Senado necessária para condenar Trump e destituí-lo do cargo.
Conteúdo: Agência France Presse
Foto: MANDEL NGAN / AFP