Um vídeo, com quase 4 minutos de duração, veiculado nas redes sociais mostra dois defensores públicos que atuam no município de Parintins (a 360 quilômetros de Manaus) lamentando a falta de transparência por parte da prefeitura da cidade em decorrência do alerta para a falta de oxigênio para os pacientes internados com a Covid.
Conforme os relatos, feitos na frente do Hospital Regional Doutor Jofre de Matos Cohen, houve neste domingo, 24, a primeira morte em decorrência da falta de oxigênio no munícipio, enquanto isso, outros pacientes sofrem com a falta do insumo na unidade.
Parintins tem 7.708 casos confirmados e 181 mortes pela doença, de acordo com a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS).
A defensora pública Gabriela Gonçalves, que atua no Polo da Defensoria Pública do Estado (DPE-AM) no Baixo Amazonas, com sede em Parintins, aparece na gravação questionando a reunião do Comitê de Combate ao Coronavírus do município em que afirma que a situação do oxigênio estava controlada, mesmo com a necessidade de mais cilindros. Segundo ela, houve a falta de logística na data de chegada dos insumos.
“É preciso ter transparência, é preciso pelo menos que as pessoas saibam que a situação é crítica e é isso que a defensoria tem lutado pra provar, não se desconhece se está havendo esforço, mas o esforço está sendo insuficiente”, diz.
“A gente precisa colocar que o município não está agindo de maneira transparente em relação a dizer quanto de oxigênio se tem por dia, quanto precisa e o que é que tá acarretando na vida das pessoas”, acrescenta Gustavo Cardoso, outro defensor que atua na cidade.
Prefeitura nega
O Portal O Poder entrou em contato com a prefeitura do município questionando a veracidade das informações e quais serão as medidas aplicadas para conter a alta demanda dos insumos.
Em resposta, a prefeitura disse que “as acusações são inverídicas” e que o abastecimento de oxigênio está sendo feito de forma “massiva” com a instalação de uma usina com capacidade de produção de até 40 m³ por hora, além de melhorias na estrutura física do Hospital Jofre Cohen, ampliando leitos e expandindo a rede de oxigênio no hospital, aquisição de insumos e contratação de profissionais da saúde.
“Em nenhum momento houve desabastecimento de oxigênio. A rede é abastecida pelas duas usinas que têm a capacidade de produção de 50 m³ de oxigênio por hora. Para garantir pleno abastecimento do gás aos pacientes, a Prefeitura também recebe uma média de 50 cilindros de oxigênio por dia para garantir abastecimento na rede”, informa a nota.
Em relação ao óbito citado no vídeo, a prefeitura afirma que um processo administrativo será aberto pela direção do hospital para averiguar o caso.
“De acordo com a declaração de óbito, o paciente faleceu em decorrência de uma parada respiratória ocasionada por síndrome respiratória aguda grave”, explica.
A Defensoria Pública também foi acionada pela reportagem, por meio de e-mail, para colher mais informações sobre as denúncias, mas sem retorno até a publicação desta matéria.
Veja os vídeos:
Oxigênio
Em um post na página “Boletim Parintins”, no Facebook, neste domingo, 24, o defensor público Gustavo Cardoso, afirma que mesmo com a chegada de uma usina de oxigênio na cidade não determinou a autossuficiência no município.
“Parintins continua atualmente com a dependência de mais de 20 cilindros a cada 6 horas. Não houve estoque de cilindros”, afirma. Ele acrescenta, ainda, que sua denúncia pode ser comprovada com documentos.
Veja o post
Ana Flávia Oliveira, para O Poder
Foto: Divulgação