Dias após o superintendente Regional da Polícia Federal no Amazonas (PF-AM), Alexandre Saraiva, direcionar críticas ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, o comando da autarquia no Estado poderá passar por mudanças. Saraiva rebateu comentário de Salles e disse que na PF não passaria “boiada”.
De acordo com matéria publicada no UOL, nesta terça-feira, 6, o novo ministro da Justiça, Anderson Torres, deve trocar sete nomes da PF e Polícia Rodoviária Federal (PRF) e já teria recebido o aval do presidente Bolsonaro (sem partido) para as mudanças.
Na Polícia Federal, os nomes ventilados são variados. Incluem os superintendentes de Minas Gerais, Cairo Duarte, de Brasília, Márcio Nunes, e do Amazonas, Alexandre Saraiva, além do secretário-adjunto de Segurança Pública do DF, Alessandro Moretti, que trabalhava como auxiliar de Torres no Governo do Distrito Federal. Foi mencionado até o diretor da Agência Brasileira de Inteligência, delegado Alexandre Ramagem, pivô de uma crise entre o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e o Supremo Tribunal Federal (STF) no ano passado.
Na PRF, dois nomes são mencionados na bolsa de apostas: o inspetor Silvinei Vasques e diretor de Operações Fábio Elissandro Cassimiro Ramos.
Segundo fontes da PF ouvidas pelo UOL, a mudança na Diretoria-Geral já foi prevista quando houve a troca do ministro da Justiça.
Reclamação interna
Pelo fato de a instituição não ter independência em relação ao Executivo, há uma reclamação interna da possível troca de chefe a cada alteração no Ministério. Leandro Daiello ficou no cargo seis anos, de 2011 a 2017. Mas, desde sua saída, a Polícia Federal teve quatro diretores em quatro anos: Fernando Segóvia, Rogério Galloro, Maurício Valeixo e Rolando Alexandre.
Nos bastidores, no dia em que Torres foi indicado ao cargo, delegados e policiais federais já comentavam que haveria a troca, fato que se consolidou dias depois. Com a chegada do ministro, a certeza da mudança da estrutura ficou ainda mais próxima.
Fontes disseram ao UOL que não houve clima de tensão por conta da expectativa do nome. Como não há indicações por parte de Torres, membros da instituição temem por quem será o novo comandante da PF.
Já na PRF, a situação ocorreu de forma oposta. Quando Torres foi nomeado e houve indícios da queda de Rolando Alexandre, a direção da Polícia Rodoviária não se viu tão exposta, tendo em vista a proximidade de Eduardo Aggio, o diretor da corporação, e Jair Bolsonaro.
A notícia do fim do mandato de Aggio começou a circular nos corredores da corporação. Já se especulavam dois possíveis nomes ao cargo diretor-geral: Vasques e Elissandro.
Hoje, Bolsonaro fez um agradecimento a Anderson Torres. “Quero te agradecer, Anderson, por ter aceitado o convite, que realmente é um desafio”, disse ele, em cerimônia no Palácio.
“Não é fácil e não é um ministério complicado, mas é um ministério que tem muita responsabilidade. Abaixo de você ali, diretamente subordinado entre outras, a sua própria Polícia Federal. Se o teu sonho um dia era ser policial, diretor-geral, como é de todo mundo, ser comandante do Exército, né? Faz Academia, a tua por ser diretor-geral.”
Em 2018, durante a campanha eleitoral, Torres defendia que a Polícia Federal tivesse um papel importante num controle rígido de fronteiras para evitar a entrada de armas, drogas e produtos contrabandeados no país.
‘Alfinetada’
Em entrevista à Folha nessa segunda-feira, 5, o chefe da PF do Amazonas disse que é a primeira vez que vê um ministro do Meio Ambiente se manifestar de maneira contrária a uma ação que visa proteger a floresta Amazônica.
“É o mesmo que um ministro do Trabalho se manifestar contrariamente a uma operação contra o trabalho escravo”, afirma. A apuração do caso está sob seu comando.
Sem respostas
Procurados pelo O Poder, tanto o Ministério da Justiça, quanto a PF no Amazonas não comentaram sobre as possíveis mudanças.
Henderson Martins, para O Poder
Com informações da UOL
Foto: Divulgação