novembro 24, 2024 16:23

RR: Eleito na ‘onda bolsonarista’, Denarium pode ser derrotado em 2022, avalia especialista

Roraima – O apoio do presidente Jair Bolsonaro na reeleição do governador de Roraima, Antonio Denarium, em 2022, não deve ter o mesmo peso como teve na eleição passada. A realidade de ambos é diferente do pleito de 2018. Isso é o que avalia a professora e doutora em ciência política, Geyza Alves Pimentel, em entrevista ao portal O Poder nesta segunda-feira, 5.

Conforme levantamento divulgado pela Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec), ex-Ibope, caso as eleições fossem realizadas em junho deste ano, Bolsonaro seria derrotado nas urnas ainda no primeiro turno pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Considerando os votos válidos, o petista teria 56%, contra 23% do atual presidente.

Bem avaliado no pleito de 2018, Bolsonaro recebeu 183.268 votos da população roraimense, o que representou 71,55%. À época, ele fez campanha e pediu votos para Denarium. O presidente, inclusive, veio ao Estado cumprir agenda de campanha. No entanto, caso tente novamente usar a mesma estratégia, o resultado pode não ser tão positivo como na eleição passada.

“São dois momentos diferentes. A eleição de 2018, onde o presidente e o governador foram aliados e estavam no mesmo partido. Eram nomes novos em cargos majoritários, isso ajudou o governador, mas não foi o elemento definidor. Hoje, apesar dos dados de ‘impopularidade’, Bolsonaro mantém um percentual de eleitores que são fiéis, independente de suas posições. Quanto ao governador, que supostamente é aliado, o cenário é diferente. Outros elementos devem ser levados em consideração na avaliação local”, explica Geyza.

A especialista assegura que a campanha de 2018 foi pautada em vários aspectos, sendo um deles o anseio por mudança. Além disso, Roraima nunca tinha sido reduto de partidos de ‘centro-esquerda’, o que propiciou a eleição do presidente e o discurso utilizado por ele.

Ela destaca, ainda, que o fato de Bolsonaro não ter visitado Roraima, pós eleição, não quer dizer que perdeu eleitorado local. No entanto, pode ter reduzido o número de eleitores, não pela falta de visita, mas por todos os problemas e posições que o presidente têm tomado e se posicionado na mídia.

“A campanha de 2022 ainda tem algumas variantes a serem observadas, como a nova lei eleitoral em discussão no Congresso e as filiações tanto do presidente quanto do governador. Eu diria que estas filiações serão o foco, porque o principal adversário do governador, supostamente, também é aliado do presidente, ou seja, quem o presidente vai apoiar, ou mais precisamente, quais os partidos que vão prestar apoio ao presidente e como isso vai se refletir aqui em Roraima?”, analisa a especialista.

Oponente

Além dos vários problemas existentes na atual gestão, Denarium terá pela frente outra pedra no caminho para superar e conseguir a tão desejada reeleição em 2022: a rival e bem avaliada ex-prefeita de Boa Vista Teresa Surita (MDB), que conta com o apoio do ex-senador Romero Jucá (MDB), que tentará voltar ao Senado no próximo pleito.

Em declarações dadas recentemente em redes sociais, Teresa já deixou claro que pretende chegar ao Palácio Senador Hélio Campos, sede do Executivo Estadual. Para isso, já deu o pontapé inicial visitando famílias, participando de reuniões e conversando com lideranças em vários municípios de Roraima.

Quase sempre ao lado de Jucá, a ex-prefeita tem realizado um intenso trabalho no interior, inclusive batizou as viagens de “Tetê na estrada”. A ex-gestora municipal conta, ainda, com o apoio do prefeito de Boa Vista, Arthur Henrique (MDB). Com alto índice de aceitação por onde passa, Teresa é bem avaliada para o cargo de governadora.

Reta final

No ano que antecede a eleição, Denarium já busca unir forças e consolidar a imagem para tentar a reeleição. No entanto, o governador, mesmo com a “máquina pública” em mãos, deve enfrentar vários obstáculos para conquistar os votos dos roraimenses. Há também outros assuntos que pesam sobre a gestão, como a tão criticada Saúde estadual.

Para Geyza, neste período de pandemia, a Saúde ainda é o principal gargalo do governo. Somente na pasta passaram sete secretários, sendo o oitavo e atual Airton Cascavel. Ele estava como assessor especial no Ministério da Saúde. Mesmo com as mudanças, muitos problemas ainda persistem, principalmente os que se referem a maior unidade se Saúde do estado, o Hospital Geral de Roraima (HGR).

Entrega de Cestas

Conforme a especialista, o governo tem investido nos programas sociais para beneficiar as famílias, visto que esta política pública virou uma queda de braço entre os políticos. Eles  são capazes de influenciar o conteúdo e também os resultados da política pública, mobilizando recursos que deveriam focar na população mais carente a seu favor.

Nos últimos meses, o governador de Roraima passou a distribuir cestas básicas para ajudar famílias que estão em vulnerabilidade social, principalmente neste período de pandemia. Este projeto Cesta da Família, desenvolvido pela Secretaria do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes) pode ser visto como estratégia de campanha para o pleito 2022, bem como outras iniciativas.

Por alguns visto como uma boa ação, por outro lado, a entrega das cestas básicas tem causado aglomerações, principalmente no interior do estado. Em tempos de pandemia, a orientação é evitar tumultos e muitas denúncias têm sido feitas por conta disso, inclusive o próprio governador foi flagrado sem máscara de proteção cumprimentando as pessoas em uma fila quilométrica.

“O superávit acumulado pelo governo de Roraima permitiu ao governador lançar esse programa, a exemplo do Bolsa Família, que se está discutindo sua ampliação [número de atendidos], como também o aumento do valor a ser pago. Ou seja, tudo é pensado em retorno na forma de voto”, concluiu Geyza.

 

Anderson Soares, para O Poder

Foto: Divulgação/Presidência da República

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