Roraima – Em menos de um mês da extinção dos programas sociais Abrindo Caminhos e Cine ALE, da Assembleia Legislativa de Roraima, alguns deputados estaduais estariam pressionando o presidente da Casa, Soldado Sampaio (PCdoB), a dividir entre os gabinetes a verba que era destinada para manter os projetos funcionando.
A informação foi repassada a O Poder nesta quinta-feira, 22, por um servidor da Assembleia que preferiu ficar em anonimato por medo de represálias. Segundo o denunciante, Sampaio começou a sofrer a pressão para que esses programas fossem encerrados e a verba usada para a contratação de pessoal para os gabinetes.
Conforme repassado, a insistência dos deputados em terem mais verbas nos gabinetes é justificado pelo desejo da maioria em tentar a reeleição em 2022 ou disputar outro cargo político. Para isso, querem desde já contratar mais servidores comissionados, além de terem mais condições de se prepararem para o próximo pleito.
Os deputados, segundo fontes, teriam garantido que, se Sampaio cedesse, seria reeleito presidente da Casa Legislativa nas eleições do próximo biênio (caso também consiga ser reeleito deputado estadual).
Outra denúncia
Na semana passada, O Poder publicou uma reportagem com denúncia semelhante a esta. Questionada sobre a verba dos programas extintos ser destinada para gabinetes de deputados estaduais, a assessoria de comunicação da Casa não se manifestou sobre o assunto.
Sem explicar o que será feito com os recursos dos programas, no dia 15 de julho a Assembleia informou que a nova proposta da ALE-RR, com a reorganização de projetos sociais da Casa, visa otimizar, reduzir gastos e atender com mais eficiência e resultados à população roraimense.
“Os programas sociais devem começar assim que as autoridades sanitárias autorizarem as aulas presencias e vão atender, especialmente, crianças e adolescentes de bairros periféricos de Boa Vista, com previsão de estender os serviços ao interior do Estado”, informou a assessoria de comunicação.
Reforma administrativa
Por meio de nota, a Casa Legislativa informou que “a reforma administrativa da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR), um dos primeiros compromissos firmados pela atual Mesa Diretora, já está em prática. A medida organiza a estrutura dos serviços, das competências, as atribuições dos servidores e institucionaliza os programas sociais ofertados pela Casa”.
A nota destaca, ainda, que programas como o Abrindo Caminhos e Cine ALE eram programas “soltos, independentes e não poderiam continuar sendo executados de forma politiqueira”
“Esses programas não faziam parte de nenhuma unidade administrativa, portanto, não possuíam recursos próprios. Foram criados em desacordo com as normas legais e a reestruturação administrativa é justamente para reorganizar e corrigir o que estava errado”, disse em trecho da nota.
A ALE alega, ainda, que desde março de 2019, o programa Cine ALE não executava suas atividades de forma contínua e passou a atuar de maneira esporádica em eventos específicos até o início da pandemia.
“Hoje, todos os programas sociais da ALE estão debaixo de um guarda-chuva. O balé, jiu-jitsu, teatro, música e o coral estão dentro de uma unidade administrativa. E quando eu não for mais presidente, os programas sociais podem continuar porque a identidade deles é institucional, é da ALE, não é do Soldado Sampaio. Essa é a forma correta de administrar com responsabilidade e transparência”, afirmou o presidente da Assembleia Legislativa. Todas as ações voltadas à cidadania serão coordenadas pela Superintendência de Programas Especiais.
Anderson Soares, para O Poder
Foto: Divulgação ALE-RR