Roraima – Após matéria publicada pelo O Poder sobre denúncia de um possível esquema de desvio de R$ 3 milhões em contratos da Secretaria Estadual de Cultura (Secult), o presidente da Associação dos Músicos, Técnicos de Sonorização, Iluminação e Auxiliar do Estado de Roraima, Juninho Pegada, gravou um vídeo cobrando explicações do Executivo Estadual.
“Venho através desse vídeo falar de um assunto que está nas redes sociais: a denúncia de desvio em contratos da Secult. Há dias procuramos todos os responsáveis para ter um esclarecimento melhor e até agora ninguém nos esclarece o que está acontecendo dentro da Secretaria de cultura”, inicia o vídeo.
Em seguida, o representante dos músicos criticou a falta de transparência e o descaso por parte do gestor da Secult em não querer explicar as denúncias que apontam o desvio milionário de verbas da Cultura de Roraima.
“Senhor secretário, o senhor, sim, é o nosso representante maior da Cultura e tem que vir a público nos esclarecer o que essa denúncia de desvio de recursos significa. Tem que honrar os quase 30 mil reais que ganha de salário pago pelo povo. Estamos esperando há dias sobre isso e ninguém toma nenhuma providência”, critica Juninho.
Segundo ele, as cobranças irão continuar até que o caso seja devidamente esclarecido. “Vivemos como se fosse na terra dos coronéis, as coisas erradas acontecendo e ninguém toma providência. Então, senhor secretário, já que o senhor não nos recebe formalmente e pessoalmente, por aqui iremos lhe cobrar. Não iremos nos calar!”, afirma o presidente da associação.
O secretário que Juninho se refere é Shérisson Bruno Oliveira Pinheiro, irmão da deputada federal Shéridan Oliveira, também é presidente estadual do PSDB. Ele assumiu a pasta em janeiro de 2021, poucos meses após a irmã declarar apoio ao governador de Roraima, Antonio Denarium (PP).
Desvio de recursos
No dia 13 de maio, O Poder publicou matéria sobre a denúncia de um possível esquema de desvio de pelo menos R$ 3 milhões em contratos da Secretaria de Cultura. À reportagem, o denunciante revelou que o governo tem publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) a contratação de bandas para se apresentarem duas vezes em um mesmo evento recebendo pelo menos dois cachês, no entanto, muitos desses grupos sequer receberam algum valor.
Ele destaca, ainda, que consta no Diário a contratação de bandas que, inclusive, não estão mais em atividade. Em alguns casos, os artistas teriam sido contratos para se apresentarem em ações de atendimento realizadas pelo governo em bairros da capital, que contaria com atração musical.
“Muitas das bandas que o governo alega ter contratado, a maioria não tocou e nem sabiam que estavam no evento. E o pior: uma das bandas nem em atividade mais está, ou seja, uma banda que não está mais em atividade foi colocada para tocar com o cachê dobrado, como se estivesse tocado duas vezes, no mesmo local e evento. Fomos falar com o então cantor da banda e ele disse que não recebeu um centavo sequer, ou seja, estamos tendo desvio de recursos públicos”, garante o denunciante.
Veja o vídeo:
Anderson Soares, para O Poder
Foto: Divulgação