Roraima – Após diversas tentativas de negociação com o governo de Roraima para garantir direitos e melhores condições à categoria, o Sindicato dos Médicos do Estado Roraima (Simed/RR) decidiu paralisar as atividades a partir de junho.
A categoria pede retroativos das progressões, atualização das progressões pendentes, adicional de qualificação, solicitação de abertura de consumo para profissionais médicos, pagamento da MedPlus e adicional de interiorização.
Ao O Poder, o presidente do Sindicato dos Médicos, Antônio Delmiro, comentou sobre as reivindicações e o que já havia sido acordado com o governo Denarium. Especificamente sobre o retroativo médico referente aos pagamentos após a atualização do PCCR, Delmiro afirmou que não foi feito cálculo para o pagamento.
“Foi acertado com o governo que pagaria todas as demais categorias da Saúde em 10 parcelas ( esse mês de maio já vão receber a sexta parcela) e os médicos seria calculado e negociado em janeiro de 2022. Até o momento nem o cálculo foi feito”, inicia.
O líder sindical disse, ainda, que a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) informou somente que irá realizar os cálculos apenas em agosto deste ano. “Desvalorização total com a classe médica que enfrentou a pandemia e esse é o reconhecimento do governo”, desabafou.
Delmiro criticou também a ausência dos pagamentos de direitos trabalhistas aos seletivados. “Atualmente a Secretária de saúde conta apenas com 345 médicos efetivos. Todos os demais trabalham com vínculos precários por pessoa jurídica ou seletivo. Sem direito a nada. Nem décimo e nem férias”, revelou ao O Poder.
Sem concurso em 2022
Conforme o presidente, a Sesau afirmou que não há previsão de realização de concurso em 2022 e classificou como inadmissível a postura do governo do Estado. “Sesau afirmou que não tem previsão de concurso para esse ano. Inadmissível. Nem estudo de dimensionamento foi feito para saber a real necessidade. Por esse motivo falta médico em todas as unidades de saúde”, disse.
Insatisfação com a gestão
Segundo Delmiro, há uma insatisfação coletiva com a administração da nova titular da Saúde, Cecília Lorenzon. Ela não é bem vista por nenhuma das categorias, como médica e de enfermagem, conforme relatos do líder sindical.
Sem pagamentos
Além da desvalorização, Antonio Delmiro confirmou que há médicos sem receber desde 2021. “A Sesau contratou uma empresa chamada Medplus para pagamento dos médicos. Temos vários médicos sem receber os plantões trabalhados desde o ano de 2021. Muitos foram para outro estado endividados por terem trabalhado e não receberam até o momento”, lamentou. .
Trabalho extra
“Hoje os médicos que são efetivos acabam trabalhando acima do previsto para compensar a falta de profissionais. Estamos discutindo a possibilidade de trabalharem somente o obrigatório. Todos os médicos estão exaustos após a pandemia. E não há reconhecimento”, revelou.
Diante de diversos problemas que precisão ser resolvidos pela Sesau, o presidente lamentou a forma como a categoria é tratada pela gestão de Lorenzon.
“Para piorar não somos recebidos pela atual secretária de saúde para discutirmos essas demandas e melhorar o atendimento à população. No final quem sofre pela falta de atendimento é a sociedade”, disse.
Silêncio
O Poder entrou em contato com o governo de Roraima, por meio da Secretaria de Comunicação, para questionar sobre as declarações do presidente do Sindicato dos Médicos, mas, até a publicação da matéria, não obteve respostas.
Álik Menezes, para O Poder
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