A Secretaria Municipal de Saúde de Belém (Sesma) tem sofrido com uma crise orçamentária que afeta a garantia de insumos e pagamentos regulares dos servidores. A pasta teve, por meio do Fundo Municipal de Saúde, um orçamento de R$ 1,6 bilhão, o equivalente a 30,6% da arrecadação da prefeitura, que foi de R$ 5,2 bilhões.
A situação tem provocado protestos e suspensão de serviços em diferentes unidades de Saúde, resultando em demora nos atendimentos e filas. Além disso, entre os insumos que não constam nos hospitais estão soro fisiológico, glicose e soro glicosado, antibióticos como clindamicina, ceftriaxona, cefepime, cefalexina, vancomicina e ampicilina, e outras categorias de fármacos e materiais, inclusive simplórios, como luvas.
Trocas
No início deste ano, houve troca no cargo de titular da Sesma. O prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (Psol), tirou do posto o médico Maurício Bezerra e colocou o economista Pedro Ribeiro Anaisse no lugar. O novo secretário tem experiência em gestão hospitalar.
Com o nome definido, o Sindicato dos Médicos do Pará (Sindmepa), que tem recebido denúncias sobre a falta de itens básicos e indispensáveis, solicitou uma reunião com a nova direção da pasta. O objetivo era cobrar do novo gestor uma solução sobre o caos que vive o sistema público de Saúde municipal.
Pressão da Câmara Municipal e da Assembleia Legislativa
Na última sexta-feira, 3, o vereador Matheus Cavalcante (Cidadania) publicou um vídeo em que informa ter uma denúncia sobre demissões em massa de médicos – entre eles uma gestante -, que trabalhavam em empresas terceirizadas para atender a rede pública municipal de saúde. O motivo seria reclamação de de salários atrasados há quatro meses.
Ainda conforme o parlamentar, a Prefeitura de Belém deixou de apresentar cinco prestações de contas àquela casa sobre a Saúde, ou seja, desde o início de 2021 não há transparência na pasta.
Quem também está pressionando investigações sobre a má aplicação do dinheiro público na Saúde em Belém é o deputado estadual Rogério Barra (PL), que está requerendo na Assembleia Legislativa a abertura de uma CPI no âmbito estadual para investigar as causas do caos. O parlamentar iniciou a coleta de assinaturas dos deputados no último dia 15. É necessário que, no mínimo, 1/3 do parlamento apoie. Ou seja, 14 deputados precisam assinar a favor da CPI.
Da Redação O Poder
Ilustração: Neto Ribeiro