As discussões que giram em torno da construção/pavimentação da BR-319, que liga Manaus (AM) a Porto Velho (RO) se arrastam há décadas. Os entraves vão desde o alto investimento financeiro para a execução dos serviços às questões ambientais. A solução pode vir em forma de ferrovia.
Nesta quinta-feira, 27, o superintendente geral da Fundação Amazônia Sustentável (FAS) e ex-secretário de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas, Virgílio Viana, abordou o tema no Fórum CNN apresentando aos leitores/ouvintes uma ‘nova’ possibilidade para o local.
A ‘nova’ proposta defendida por Viana é um estudo de caso – que apontou viabilidade – feito por ele, enquanto secretário de Estado, em 2006, que avaliava a inclusão de uma ferrovia como alternativa ao asfaltamento da rodovia.
“A conclusão do estudo apontou para a viabilidade da obra do ponto de vista de engenharia e do ponto de vista financeiro. O valor das emissões de carbono que seriam evitadas equivaleriam a quatro vezes o custo da obra. Hoje, o valor do carbono triplicou e surgiu um fato novo: a possibilidade de usar a ferrovia para escoar a gigantesca jazida de potássio do Amazonas, hoje importado e com fornecimento afetado pela guerra na Ucrânia”, disse Viana.
O superintendente da FAS destaca que, hoje, vive-se um momento favorável para mobilizar recursos vinculados à agenda climática para um financiamento híbrido, que combine recursos não reembolsáveis, recursos de empréstimo e recursos dos tesouros federal e estaduais.
“Os recursos precisam incluir também o financiamento de um grande programa de desenvolvimento territorial sustentável, valorizando a floresta em pé e criando oportunidades de geração de renda, eliminação da pobreza extrema e conservação ambiental, desde a calha do rio Madeira até a calha do rio Purus”, explicou.
Viana vai além na defesa da alternativa apontada e frisa ainda os ganhos que os setores empresariais da construção civil, turismo e PIM teriam com a ferrovia em função do baixo custo do transporte.
A ferrovia, segundo ele, seria um modal adicional para a exportação da produção agropecuária do Acre, Rondônia e Mato Grosso pelo rio Amazonas e permitiria a conexão terrestre de Roraima e Amazonas com o restante do país.
“Com a ferrovia poderíamos sair do imobilismo das últimas décadas para uma solução moderna e compatível com um novo posicionamento do Brasil no cenário global. Necessitamos de sinais claros de que temos projetos para que o Brasil saia da posição de vilão do combate às mudanças climáticas para o papel de protagonista de um novo estilo de desenvolvimento, baseado na valorização da floresta em pé combinando desenvolvimento econômico com redução das desigualdades sociais”, pontuou.
Viana finaliza sua participação no Fórum CNN destacando que a ferrovia pode ser o caminho para uma “Amazônia próspera, inclusiva e resiliente” às mudanças climáticas globais.
Da Redação O Poder
Ilustração: Neto Ribeiro, Portal O Poder