O deputado ultraliberal Javier Milei foi o mais votado nas eleições primárias do país neste domingo, 13, e ganhou força na disputa para a Presidência, cujo primeiro turno acontece em 22 de outubro. Ultraliberal, ele teve 30% dos votos e promete medidas radicais e combater a elite para resolver problemas do país.
Milei quer o dólar como moeda oficial na Argentina, acabar com o Banco Central e “passar a motoserra” no Estado, para cortar gastos.
O país vizinho é parceiro comercial nas exportações e importações que acontecem na Zona Franca de Manaus (ZFM) e, por isso, os rumos políticos de lá têm sido acompanhados de perto pelo superintendente da Suframa, Bosco Saraiva.
“Os desafios pelos quais a economia argentina enfrenta há alguns anos afetou, em algum nível, o potencial de exportações do Polo Industrial de Manaus para nossos vizinhos. Acreditamos, de forma veemente, que o povo Argentino saberá tomar a melhor decisão para o país a partir destas eleições primárias e, de nossa parte, as expectativas são de que as medidas econômicas propostas pelas chapas que disputarão as eleições da Argentina em outubro possam restabelecer o potencial daquele país e, sobretudo, potencializar as relações comerciais argentinas com as indústrias do Polo Industrial de Manaus”, disse Bosco ao Portal O Poder nesta segunda-feira, 14.
Em 2022, a Argentina foi quarto no ranking do destino das exportações oriundas do Amazonas, perdendo apenas para a Colômbia, China e Venezuela.
Para solo argentino foram exportados US$ 6,74 milhões em produtos. Dentre eles, o de maior volume foram as motocicletas.
O dólar na Argentina
Na última década, a oposição de centro-direita e governos de inspiração peronista se alternaram no poder, mas nenhum conseguiu conter a inflação, que supera 100% ao ano, e a disparada do dólar. Os dois fenômenos reduzem o poder de compra e aumentam a pobreza, que atinge 40% dos argentinos.
Em agosto de 2018, há cinco anos, um dólar comprava 30 pesos, na cotação oficial. Nesta segunda, 14, a moeda americana passou a valer 350 pesos. Na prática, no entanto, poucos argentinos conseguem essa taxa. O dólar blue, apelido da cotação informal da moeda, chegou na semana passada a 605 pesos.
Como comparação, no Brasil, um dólar valia R$ 4,10 em agosto de 2018 e hoje vale R$ 4,78.
Na manhã desta segunda, o governo acelerou a desvalorização do peso. Na cotação oficial, a moeda local caiu 21,8% na abertura do mercado.
Da Redação, com informações da Revista Exame
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