abril 12, 2025 15:47

Sonhos de ex-prefeitos podem ser ‘voo de galinha’

Nos bastidores da política amazonense, alguns ex-prefeitos sonham alto com novos voos rumo à Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) e à Câmara dos Deputados. Entretanto, o sonho se assemelha ao “voo da galinha”, que possui penas e pode até bater asas, mas não consegue se manter no ar.

Nas redes sociais, eles ensaiam pré-campanhas, postam fotos de reuniões e encontros estratégicos, mas a realidade nos bastidores é outra: uma disputa interna intensa e alianças frágeis que podem ruir antes mesmo da largada oficial.

Andreson Cavalcante e o apoio que pode virar obstáculo

O ex-prefeito de Autazes, Adreson Cavalcante, tem planos de disputar uma vaga na Aleam, mas teria como entrave os apoios políticos de dois deputados que destinaram emendas ao município durante a sua gestão e, teoricamente, seriam seus aliados. Portanto, os parlamentares seriam concorrente diretos de Andreson e o mesmo perderia acordos.

Andreson precisa avaliar se vai conseguir manter esse voo ou será conduzido a um pouso forçado que poderá impactar nas eleições de 2028. Mas que há uma movimentação, há sim, e o próprio faz questão de expor nas redes sociais.

Adenilson Reis e a concorrência inesperada

O ex-prefeito de Nova Olinda do Norte, Adenilson Reis, também quer disputar uma cadeira na Aleam. No entanto, sua base de apoio está longe de ser sólida. Um parlamentar em específico tem destinado emendas ao município, portanto, será um concorrente no mesmo colégio eleitoral. A disputa será mais acirrada que o previsto e o voo deve ser turbulento.

Simão Peixoto: reputação manchada e sobrevivência política

Em Borba, o ex-prefeito Simão Peixoto tenta se recolocar no jogo político, mas a sua reputação é uma bagagem pesada. Cercado de polêmicas, Simão está sub judice e pode ser detido.

Na última eleição, foi massacrado pela oposição, o que demonstra a insatisfação dos borbenses com a sua gestão e escândalos. Porém, Peixoto acredita que pode mudar o jogo, ele tem patrocinado festas em comunidades e levantado seu nome como opção para 2026.

Com um histórico tão negativo, sua trajetória parece um voo desajeitado com queda cada vez mais iminente.

Beto D’Ângelo e o cálculo familiar

O ex-prefeito de Manacapuru, Beto D’Ângelo, tem um plano diferente: quer disputar uma vaga na Câmara Federal, evitando concorrer com seu irmão, Cristiano D’Ângelo, que tentará se reeleger para deputado estadual. A jogada, no entanto, não é tão simples quanto parece.

Beto enfrenta a concorrência direta de dois deputados federais que o apoiam e destinam emendas ao município. Nos bastidores, o movimento pode ser visto como um golpe contra seus aliados.

Quebra de acordos

Alguns ex-gestores surpreenderam seus aliados ao mudarem de posição. Até pouco tempo, estavam pedindo apoio e firmando alianças com deputados estaduais, agora querem disputar o mesmo espaço e votos com quem, até então, eram aliados.

Entre os nomes que simbolizam essa reviravolta estão Gean Barros (Lábrea), Eraldo Trindade da Silva, conhecido como Eraldo CB (Boa Vista do Ramos), José Maria Rodrigues da Rocha Júnior, o “Dr. Júnior” (Juruá); Patrícia Lopes, que tentou reeleição em Presidente Figueiredo e foi derrotada; e o presidente da Associação Amazonense de Municípios (AAM) e ex-prefeito de Rio Preto da Eva, Anderson Sousa.

‘Titanic’ em Maués

O município deve ser palco de uma divisão de votos entre dois nomes fortes: Júnior Leite, que tem o apoio do deputado federal Sidney Leite (PSD), e Beto Michiles, braço direito da atual prefeita Macelly Veas (PDT). Dividindo o mesmo eleitorado entre si e os demais concorrentes, a avaliação nos bastidores é que ambos podem “morrer abraçados” como no “Titanic”, sem chance real da vitória.

Legado

Ex-prefeitos que indicaram sucessores agora enfrentam o desafio de manter sua influência, mesmo dividindo votos. É o caso de Glenio Seixas, em Barreirinha, que elegeu Darlan Taveira (UB), e Davi Bermeguy, em Benjamin Constant, que também fez seu sucessor, Semeide Bermeguy (MDB). Entretanto, os municípios são pequenos e eles precisam de, no mínimo, 30 mil votos para ter êxito na empreitada.

O sonho do protagonismo

Alguns ex-prefeitos seguem desejando o protagonismo no cenário estadual. Jair Souto, de Manaquiri, e Bruno Ramalho, de Carauari, são exemplos de políticos que sonham em alçar a liderança e se firmar com o referência no interior. Entretanto, o sonho está longe de virar realidade.

Mais do que poder, um abrigo

Para outros, o retorno à política tem um motivo mais estratégico: o foro privilegiado. Edson Mendes, de Barcelos, acumula processos no Tribunal de Contas do Estado (TCE-AM) e Ministério Público do Amazonas (MPAM). Já Raylan Barroso, que perdeu a eleição em Eirunepé, também enfrenta uma enxurrada de processos e busca proteção institucional. Em Uricurituba, Claudenor Pontes, o “Sabugo” também vê na candidatura mais uma forma de se proteger judicialmente já que um cargo público garante foro privilegiado, porém as regalias do ofício devem ser conquistadas. E talvez, eles não tenham fôlego pra isso.

O voo mais curto e a queda

O voo de galinha desses candidatos pode até parecer promissor no início, mas, dependendo das variáveis, muitos deles podem acabar voltando ao chão antes mesmo de 2026 chegar.

 

 

Thaise Rocha, para Portal O Poder

Ilustração: Neto Ribeiro

Últimas Notícias

PA: Helder privatiza Cosanpa, mas deixa 27 municípios de fora

O governador Helder Barbalho (MDB) anunciou na sexta-feira, 11, que irá se reunir com o Banco Nacional de Desenvolvimento...

Mais artigos como este

error: Conteúdo protegido!!