julho 22, 2025 14:31

PA: imbróglio entre governo e hotéis por preço de diárias para COP30 segue sem solução

Uma suíte em Belém por R$ 6.500 a diária. Um apartamento de um quarto anunciado por R$ 1 milhão para apenas 11 noites. E uma casa simples no bairro nobre de Batista Campos avaliada em R$ 1,21 milhão para o mesmo período.

Esses são apenas alguns dos valores cobrados por hospedagens na capital do Pará durante a COP30, preços que chamaram atenção até de delegações internacionais.

Enquanto isso, hotéis bem avaliados em Nova York, uma das cidades mais caras do mundo, oferecem diárias entre R$ 250 e R$ 500 por noite para o mesmo período, de 10 a 21 de novembro.

A comparação entre os dois cenários ajuda a dimensionar a crise que se instalou em torno da COP30, a maior conferência climática do planeta, prevista para novembro deste ano em Belém.

Três meses após o anúncio de um acordo para tentar conter os preços, o governo federal ainda não conseguiu tirá-lo do papel.

A proposta segue sem assinatura, mesmo após sucessivas reuniões e mobilizações internas para tentar conter a escalada das diárias em Belém.

Entenda a crise, em linhas gerais:

  • Diárias com preços muito mais altos que o normal: hotéis e imóveis em Belém estão cobrando até R$ 6.500 por noite durante a COP30 – valores até cinco vezes maiores do que o normal e que superam até os praticados em cidades como Nova York.
  • Acordo federal travado: mesmo anunciado em abril, o termo que buscava regular os preços segue sem assinatura, por falta de consenso com o setor hoteleiro e plataformas como Booking e Airbnb.
  • Crise virou tema internacional: durante reuniões da ONU em Bonn, delegações estrangeiras relataram dificuldade de participar da COP30 por causa dos custos e pediram providências urgentes ao Brasil.
  • Governo do Pará tentou alternativa:estado fechou um acordo com hotéis para garantir 500 quartos com diárias entre US$ 100 e US$ 300, mas parte das acomodações fica em cidades distantes do centro de Belém.
  • Senacon notificou hotéis e sindicatos: ao menos 24 estabelecimentos foram cobrados a explicar os aumentos, mas entidades do setor reagiram com críticas e se recusaram a entregar os dados solicitados.
  • Código de Defesa do Consumidor prevê sanções: se ficar comprovado que houve abuso, é possível obrigar a redução dos preços, aplicar multas, pedir devolução de valores e até responsabilizar os autores por crime econômico.

Documentos mostram que, ainda em abril, a própria Secretaria Extraordinária para a COP30 da Casa Civil destacou que os preços da hospedagem estavam “elevadíssimos, de forma incompreensível e muito acima do praticado no maior evento anual da cidade, o Círio de Belém”.

A situação motivou o envio de ofício a outros órgãos federais, como a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a Polícia Federal, que solicitaram apoio para um diálogo com hotéis e imobiliárias da capital paraense.

Mas, apesar do diagnóstico interno e da repercussão internacional, o acordo ainda não avançou nas negociações com representantes do setor, que questionou a abordagem do governo federal.

No último mês de junho, contudo, a crise ganhou proporção internacional durante as reuniões preparatórias da COP30 em Bonn, na Alemanha.

No evento, delegações estrangeiras relataram que os preços em Belém estão até cinco vezes acima dos praticados em outras conferências e cobraram providências urgentes. Algumas também sinalizaram que, se a situação não for resolvida até novembro, podem reduzir suas equipes ou até cancelar a participação na COP30.

Enquanto o acordo federal segue travado, o governo do Pará firmou um acerto no começo do mês com a associação estadual de hotéis para reservar cerca de 500 quartos com diárias entre US$ 100 e US$ 300.

Parte dessas acomodações, contudo, fica em cidades fora da capital, como Castanhal, a cerca de 70 km do centro de Belém.

 

Da Redação, com informações do G1
Foto: Divulgação 

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