setembro 19, 2025 15:39

Eleições 2026: Antecipação eleitoral ajuda ou prejudica candidatos?

Os bastidores da política amazonense vêm sendo amplamente debatidos ao longo dos últimos meses, tendo em vista que a movimentação política para as eleições de 2026 iniciou-se no final do ano passado, coincidindo com o término das eleições municipais.

Com muitas especulações e polêmicas, o próximo pleito aos cargos de governador, senador, deputado federal, deputado estadual e presidência promete ser acirrado.

Ao longo de 14 meses, que deveriam ser dedicados à maturação dos pré-candidatos, ocorreu uma antecipação do processo eleitoral, resultando em uma série de efeitos no meio político. Falas, apoios públicos, possíveis candidatos e vices sendo apresentados com uma antecedência surpreendente.

Alguns políticos, na tentativa de angariar votos, utilizam a estratégia de antecipar a campanha, principalmente ao cargo de governo do estado. Por conta dessas especulações, já foram definidos alguns nomes, como Maria Do Carmo Seffair (PL) e o senador Omar Aziz (PSD). Esses são os nomes que provavelmente estarão no palanque ano que vem na disputa ao cargo de governador.

Perguntado sobre a estratégia de apressar em um ano a campanha e se há benefícios, o cientista político Helso Ribeiro afirmou que essa ação encarece o processo eleitoral, por ser de conhecimento geral que esse início deveria ser somente especulativo, mas que acaba movimentando não só os bastidores, como também o bolso dos possíveis candidatos.

“Eu penso que isso está encarecendo o processo eleitoral”, disse Helso, referindo-se à contratação de pessoal de marketing, de assessoria, grupo de advogados e de pessoas ligadas ao processo eleitoral, considerando que esses profissionais são primordiais na construção de uma campanha sólida.

Cansaço eleitoral

Como esse processo pré-eleitoral iniciou com evidente antecedência, é possível ocorrer um desgaste em relação aos possíveis candidatos, sabendo que não houve definição de quem serão os vices e quais partidos estarão junto dos candidatos na composição das chapas. Esse desgaste na própria imagem pode se tornar prejudicial ao longo do tempo. Vale ressaltar que alguns nomes já estão sendo cotados para a vaga de vice dos pré-candidatos ao governo do estado.

“Observa que ninguém fala qual vai ser o vice, qual o partido que vem acompanhando o candidato. Então houve essa antecipação de nomes (para o governo do estado), talvez isso gere um cansaço, porque já são vários meses que essa antecipação ocorreu”, destaca Helso sobre essa indefinição de vices e a possibilidade de uma exaustão política, ou seja, o eleitor acaba se esgotando dos assuntos voltados às eleições.

Prazos a serem observados

O cientista político destaca haver prazos no processo eleitoral que devem ser acompanhados, como, por exemplo, o período entre o final de março e o início de abril de 2026, em que será estabelecido quem deve abdicar do cargo para enfrentar as eleições. Com base nisso, ficará evidente quem concorrerá ao governo e ao Senado e quais alianças serão formadas.

Outro prazo decisivo é no final de julho e início de agosto do próximo ano, com as convenções partidárias, que se tornarão de fato um divisor de águas, definindo quem entra ou não para a disputa e de que lado cada um ficará nesse tabuleiro político.

Enfraquecimento político 

Ao ser perguntado sobre a possibilidade de os eleitores se cansarem antes mesmo do início do período eleitoral, Helso destaca que nem sempre a aceleração gera ‘gordura’, no sentido de possibilitar aos candidatos uma certa bagagem positiva para a candidatura.

Helso citou também que a democracia brasileira se aproxima muito de uma plutocracia, que indica o exercício de poder ou governo por grupos, ou pessoas que possuem mais recursos financeiros.

“A nossa democracia, no meu entendimento, se aproxima muito de uma plutocracia, ou seja, acaba ganhando as eleições, governando, legislando aquele que tem o maior poder aquisitivo. Então eu não sei se os candidatos que estão querendo se lançar vão ter essa gordura até outubro do ano que vem”, destaca o cientista.

Perfil dos eleitores é plural

Assim como há candidatos para todos os tipos, há também eleitores para todos os candidatos. Perguntado sobre a possibilidade de os eleitores se cansarem desse adiantamento eleitoral antes mesmo que cheguem as eleições de 2026, Helso destacou ser “um grupo extremamente heterogêneo, com múltiplas facetas. Tem uns (eleitores) que não estão nem aí, ainda não se tocaram. Outros estão ouvindo e são vários grupos, são vários estilos dentro desse grupo eleitor”.

Demonstrando que os candidatos terão que reconhecer o grupo em que desejam atingir e delimitar o estilo de abordagem, para não ser cansativo aos que não são tão ativos politicamente e que também contemple os assíduos nas campanhas eleitorais.

Tendo em vista o fator econômico como peça-chave nas campanhas, Helso destaca que parte do eleitorado demanda muitos favores pessoais. Enquanto uns vão se cansar das falas e da preparação pré-eleição, outra parte do eleitorado estará aproveitando o momento para o famoso “toma lá dá cá”, em que só há apoio político se houver um benefício evidente para quem ajuda.

Enquanto nomes seguem surgindo para a disputa do próximo ano, o eleitor pode se preparar para uma guerra de narrativas, que, ao longo do ano, pode se tornar extremamente cansativa. Já os candidatos, além do discurso, devem munir-se de recursos financeiros, visto que será necessário até outubro do próximo ano.

 

Ludmila Dias, para o Portal O Poder

Foto: Reprodução

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