outubro 20, 2025 22:38

Governador afastado do TO fez turismo com jato contratado por R$ 20 milhões

O governador afastado do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), e a primeira-dama, Karynne Sotero, utilizaram um jatinho locado pelo governo do Estado para realizar diversas viagens de turismo e fins particulares. Documentos, divulgados pela TV Anhanguera, revelaram os destinos e os altos valores dessas viagens, que foram custeadas com dinheiro público.

O caso veio à tona em meio ao afastamento do governador e da primeira-dama, determinado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 3 de setembro deste ano. A medida cautelar ocorreu no contexto da Operação Fames-19, que investiga um suposto esquema de desvio de recursos públicos na compra de cestas básicas.

Os documentos mostram que além das viagens institucionais justificadas, o casal também fez viagens de turismo com a família, acompanhou partidas de futebol dentro e fora do Estado, além de viajar para participar de uma reunião familiar.

Contrato do Jatinho

O contrato anual de locação do jatinho executivo de médio porte e alta performance, firmado pelo governo do Tocantins com uma empresa de táxi aéreo, previa um custo fixo em torno de R$ 20 milhões. Independentemente da quantidade de voos, o valor do contrato era o mesmo.

Assim que assumiu o cargo, o governador em exercício, Laurez Moreira (PSD), suspendeu o contrato e devolveu a aeronave, afirmando que esse tipo de despesa não é prioridade para o Estado.

Na época da suspensão do serviço, a defesa de Wanderlei alegou que o contrato estava estritamente dentro da legalidade, tendo passado por todas as fases licitatórias, e era utilizado exclusivamente em serviço.

Fins particulares

A documentação aponta que o jatinho locado com recursos estaduais foi usado em diversas oportunidades para viagens de turismo pelo governador afastado e pela primeira-dama.

Quais os valores das viagens feitas por Wanderlei Barbosa com o uso do jatinho?

Os documentos mostraram que diversas viagens, nas quais ocorreram atividades particulares, custaram milhares de reais aos cofres públicos. Confira:

  • R$ 141 mil: Retorno dos Lençóis Maranhenses (Maranhão) para Palmas, em 13 de janeiro de 2025, com o casal e familiares;
  • R$ 86 mil: Deslocamento em fevereiro de 2025 para acompanhar uma partida de futebol (Atlético Mineiro vs. Tocantinópolis), junto com o presidente da Assembleia Legislativa, Amélio Cayres (Republicanos);
  • R$ 89 mil: Viagem em 19 de março de 2025 para Brasília (DF), onde assistiram ao jogo da Seleção Brasileira, em comitiva que incluía neto e filhos, como o deputado estadual Léo Barbosa.
  • R$ 165 mil: Trajeto de ida e volta para Campina Grande (PB), em 5 de maio de 2025, justificado como “missão oficial” (sem compromissos públicos localizados), incluindo filha e genro sem vínculo com o Estado. Neste dia Wanderlei postou que estava no lago de Palmas.
  • R$ 286 mil: Novo voo entre Palmas, Brasília e Campina Grande, entre 21 e 22 de maio de 2025, com a comitiva que incluía Wanderlei, a primeira-dama, além de parentes como Rérison e sua esposa. Porém, o governador postou nas redes sociais que, na verdade, estava voltando ao Tocantins de carro.
  • R$ 50.000,00: Viagem para Minaçu (GO) em 12 de julho de 2025 para participar de uma reunião familiar. A bordo estavam Wanderlei, a primeira dama, o filho Rérison e um irmão do governador.

Consequências

O uso indevido do jatinho, em meio à investigação de corrupção, levou o governador em exercício, Laurez Moreira (PSD), a suspender o contrato de locação da aeronave, que custava R$ 20 milhões anuais aos cofres públicos.

Laurez afirmou que o gasto não era prioridade e que o governo teria maior rigor com despesas do tipo, inclusive barrando uma viagem de comitiva do Palácio Araguaia aos Estados Unidos, prevista para o mês de setembro.

Questionada sobre a possibilidade de investigação do uso da aeronave, a Polícia Civil informou que chefes do poder executivo estadual possuem prerrogativa de foro no Superior Tribunal de Justiça. Por essa razão, qualquer investigação sobre eventuais denúncias de crimes supostamente cometidos no exercício do mandato ficam a cargo da Polícia Federal – mesmo em casos de afastamentos ou quando a pessoa já não ocupa mais o cargo em questão.

A Polícia Federal e o Ministério Público Estadual do Tocantins foram questionados sobre uma investigação a respeito das denúncias, mas não se posicionaram até o momento.

Resposta

A TV Anhanguera e o g1 pediram posicionamento para Wanderlei, Karynne e Rérison sobre as viagens, mas não houve resposta até a atualização desta reportagem. Em nota, Léo Barbosa informou que acompanhou o então governador em agenda institucional no dia 20 de março e que sua presença em qualquer evento público ou privado após o fim da agenda institucional não configura ilegalidade ou aumento de despesas para o Estado.

Nota de Léo Barbosa

O deputado estadual Léo Barbosa informa que acompanhou o Governador Wanderlei Barbosa em agenda institucional em Brasília durante todo o dia 20 de março em vários Ministérios, como o de Infraestrutura e o DNIT, em busca de soluções para os problemas do Estado. A sua presença em qualquer evento público ou privado após o fim de sua agenda institucional não configura qualquer tipo de ilegalidade e não representa um aumento de despesas para o Estado.

Nota do Sebrae Tocantins

O Sebrae Tocantins esclarece que não tem relação com as viagens mencionadas, realizadas em aeronave locada pelo Governo do Estado do Tocantins.

 

Da Redação, com informações do G1
Foto: Divulgação

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