Depois de adiar a sua participação na sessão virtual da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam) para responder aos deputados as estratégias de combate ao coronavírus, a secretária de Estado da Saúde, Simone Papaiz participou nesta quarta-feira, 22, da sessão plenária virtual que durou mais de cinco horas, com os deputados.
Mas, somente após ler um extenso relatório técnico que não especificava as diretrizes de combate à Covid-19 no Amazonas, a secretária passou a responder os questionamentos dos parlamentares.
Simone também justificou aos deputados que o desequilíbrio do mercado devido à falta de insumos favorece a dificuldade para a aquisição de equipamentos e EPIs.
“O cenário é preocupante. Mercado desequilibrado e dificuldade de produtos essenciais como respiradores, insumos, EPIs (Equipamentos de Proteção Individual) e já está faltando insumos para produzir esses insumos. Está faltando médicos intensivistas, Sírio Libanês está nos ajudando. De hoje para amanhã teremos três toneladas de EPIs pelo Itaú. O enfrentamento está sendo muito pesado”, afirmou.
O deputado Serafim Corrêa (PSB) questionou a nova titular da Susam sobre o cronograma de pagamento das cooperativas médicas em atraso; andamento do convênio com hospitais para tratamento de pacientes com Covid-19 e sobre o direcionamento de sua gestão.
“Qual é a sua opção de gestão na saúde: SUS (Sistema único de Saúde) ou OS (Organização Social)? Tem cronograma dos pagamentos dos médicos e enfermeiros? Ano passado esses profissionais foram muito maltratados, desdenhados. O Dr. Jorge Akel, presidente da Associação Médica do Amazonas, em uma audiência, disse que mais de 500 profissionais saíram do Estado por falta de pagamento. A arrogância do governo era tanta que ele sequer permitia conversar”, relembrou.
A secretária Simone Papaiz respondeu ao parlamentar que todas as cooperativas devem ser pagas no prazo de 90 dias.
“A estratégia tem um único foco: Aumento de leitos. Entendemos toda a classe que opera em linha de frente, como médicos e enfermeiros. Nos comprometemos a pagar esse montante a todas as cooperativas até 90 dias após o vencimento”, disse Papaiz.
Felipe Souza questionou da secretária quantos respiradores têm disponíveis no Estado para atender a demanda. Depois das explicações da secretária, o deputado chegou a conclusão de que esses equipamentos ainda não estão à disposição da população.
“Não existe data para esses respiradores chegarem porque ainda não tem nada comprado. Ainda estão pedindo. Não é isso secretária, seja transparente? Na prática comprado, não tem nada nós ainda estamos pedindo uma autorização do governo federal para que ele autorize que a fábrica nacional nos venda 150 respiradores. Não entendo como essas medidas não foram tomadas no inicio de março. Só me resta apelar a Deus. Porque estamos dependendo de um milagre”, criticou.
Simone Papaiz disse que entendia a angústia do deputado, mas afirmou que o processo elaborado para aquisição de equipamentos foi feito pela Susam antes da sua chegada.
“Compreendo a sua angustia e vocês podem nos ajudar com o governo federal. Tenho que ser justa quando eu cheguei esses processos já haviam sido abertos”, justificou.
Vácuo
Dermilson Chagas (sem partido) chegou a fazer 15 perguntas para a secretária de saúde e disse que ela não havia respondido nenhuma. Ele perguntou qual era o protocolo para o interior e sobre os testes rápidos e o hospital de campanha Nilton Lins.
Simone Papaiz disse que a equipe técnica da Susam ficou mais de cinco dias naquela unidade para ver abrir. Ela disse que hoje o gestor está vivendo o dilema de abrir ou não abrir a unidade para atender os pacientes da Covid-19.
“Hoje nós estamos na seguinte situação abre ou não abre. O gestor ou toma a iniciativa de atender e salvar 33 vidas ou deixo fechada meses para adequar. Em determinado momento tomamos a decisão de abrir leitos ou vamos esperar a excelência das unidades?. A cada dois leitos, cinco leitos, são vidas que vamos salvar não sabemos. Estamos sentindo uma força contrária eu posso sair dessa guerra com a minha cabeça leve. Ninguém vai abrir hospital de campanha para matar pessoas”, afirmou.
Papaiz disse que era humilde para pedir ajuda dos deputados. Ela disse que não estava discutindo a crítica dos parlamentares. “Eu entendo toda as questões do passado. As nossas decisões são pautadas em questões imediatas e técnicas. Eu ligo para a empresas solicitando intensivistas e eles dizem que não têm médicos. Está tudo 100% não está senão não estaríamos aqui. Quero que a gente saia dessa reunião que vocês tenham a convicção que não estamos aqui para errar mas para acertar”, disse.
Após a resposta da secretária, Dermilson disse que sabe que não se abre um hospital de campanha para matar pacientes. “Eu acredito que o que o governo deveria ter transmitido para a população a certeza que aquilo iria funcionar 100% ele alimentou esperança, vidas e todo mundo estava esperando. Estou torcendo que der certo eu sou fiscalizador e vou continuar fiscalizando. Secretária tem muitas perguntas que não foram respondidas”, questionou.
Álvaro Campelo (Progresssita) também solicitou que a secretária respondesse os seus questionamentos sobre a Nilton Lins e, Papaiz respondeu que houve avanços na questão de leitos e que atualmente, o hospital está com 38 leitos ocupados e quatro de UTIs.
“Avançamos na questão de leitos. Percebem que a cada momento a gente amplia leitos e essa é a estratégia e vamos implementar a cada dia o maior número de leitos. Lembrando que os respiradores que estamos recebendo (20) estão sendo direcionados para a Nilton Lins”, disse.
Ao final da audiência, a secretária se comprometeu a enviar um relatório semanal à Assembleia Legislativa, explicando a aquisição de equipamentos e gastos.
Simone Papaiz assumiu a pasta da Saúde no Amazonas no último dia 8 de abril, após a exoneração do então titular, o pesquisador da Fiocruz Amazônia Rodrigo Tobias.
Participaram da sessão virtual os deputados Alessandra Campêlo, Álvaro Campelo, Augusto Ferraz, Belarmino Lins, Cabo Maciel, Carlinhos Bessa, Delegado Péricles, Dr. Gomes, Felipe Souza, João Luiz, Joana Darc, Mayara Pinheiro, Serafim Corrêa, Saullo Vianna, Wilker Barreto, Therezinha Ruiz, Abdala Fraxe, Josué Neto e Adjunto Afonso.
Augusto Costa, para O Poder
Foto: Aleam