A dois dias para expirar o prazo do isolamento social no Amazonas, conforme determinado dia 30 de abril pelo governo do Estado, o governador Wilson Lima (PSC) deverá recuar da projeção e esticar a quarentena imposta por mais alguns dias. A decisão, a ser anunciada esta semana, deve se basear nos números expressivos de contágios e mortes pelo novo coronavírus que não param de crescer.
A sinalização de flexibilizar a quarentena no Estado e dividir, em grupos, o retorno gradual das atividades comerciais, culturais e escolares, projetada para começar no próximo dia 14, foi baseada em estudo feito por uma equipe multidisciplinar capitaneada pelo economista Samy Dana, em que apontava que o pico da Covid-19 no Amazonas seria entre os dias 21 e 30 de abril.
O estudo não científico de Samy Dana, inclusive, tem sido apontado por diversos empresários do país como referência e argumentos para que a quarentena no Brasil expire e sejam retomadas todas as atividades econômicas. A referida pesquisa foi tema de extensa reportagem no site Intercept neste final de semana, em que desnudava as falhas do levantamento e as contradições entre o que aponta o estudo e verdadeira realidade que o país atravessa com o avanço do coronavírus.
No Amazonas, o estudo de Dana falhou. Não se sabe exatamente quando será o pico, mas a verdade é que de 1º até 10 de maio, o Estado presenciou uma verdadeira explosão de novos casos da Covid-19, totalizando 7.345 pessoas infectadas, número superior ao registrado em todo os 30 dias de abril, que foram de 5.079.
Os números de mortes nestes primeiros dez dias também foram superiores aos registrados em todo o mês de abril: 579 contra 422 óbitos.
Wilson Lima e o secretário de Fazenda, Alex Del Giglio – que é amigo e ex-sócio de Samy Dana em negócios anteriores de consultorias – se amparavam nessa projeção como forma de dar resposta aos empresários do Estado, que pressionam o governo por uma saída menos prejudicial para seus negócios.
A semana que se inicia será uma prova de fogo para a gestão Wilson Lima, tanto do ponto de vista social e econômico quanto político: o governo precisa dar respostas à sociedade para conter o avanço do vírus; precisar dar respostas satisfatórias para os empresários; e ainda precisa contornar a crise política que tem um processo de impeachment como pano de fundo tramitando na Assembleia Legislativa do Estado (Aleam).
As novas medidas restritivas e cronograma de abertura gradual do comércio e outras atividades devem ser anunciadas até a próxima quarta-feira, 13, dia em que, em tese, seriam flexibilizadas o isolamento social para dar início a um planejamento econômico feito pelo governo.
Valéria Costa, para O Poder
Foto: Secom