Considerado peça-chave para o esclarecimento de possíveis irregularidades na Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), Marcelo Lopes, responsável pela pasta até maio deste ano, foi ouvido nesta terça-feira, 25, pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR) e afirmou que houve uma “falha” ao enviar folhas de pagamento para a Secretaria Estadual da Gestão Estratégica e Administração (Segad), o que justificaria altos salários recebidos por médicos do Estado.
Lopes foi intimado a comparecer à oitiva da CPI da Saúde em razão de médicos terem recebido acima do teto constitucional. Em alguns casos, o valor chegou a R$ 150 mil, o que levantou suspeitas. Além do ex-secretário, outros cinco profissionais de saúde lotados na Sesau foram ouvidos pela comissão nas últimas semanas.
À CPI, Marcelo negou quaisquer irregularidades ocorridas em sua gestão. Ele afirmou que ninguém recebeu sem que tenha trabalhado. Justificou, ainda, que o valor elevado que consta no contracheque dos médicos é o acúmulo de dois meses trabalhados.
“É importante esclarecer que não houve vazamento de contracheques. Esse documento consta no Portal da Transparência. Todo servidor público tem seu nome junto ao valor do vencimento disponível na internet para consulta. Os R$ 150 mil recebidos pelos médicos se devem à soma de dois meses de vencimentos. Houve falha no processo da folha de pagamento, seja por parte da Saúde ou da Segad [Secretaria de Gestão Estratégica Administração]”, disse.
Lopes, que ficou quase um ano à frente da Sesau, explicou durante a oitiva os motivos pelos quais ocorreram problemas na folha de pagamento de alguns médicos, o que acabou gerando altos salários acima da média.
“Esses profissionais chegaram no último dia útil do mês e amanheceram o dia comigo. Um deles falou: ‘doutor, o senhor disse para a gente assumir o serviço, não deixar interromper as cirurgias pediátricas para que garantíssemos a urgência e emergência da maternidade, e justamente nós ficamos sem salário’. Diante daquela situação, chamei o Recursos Humanos e identificamos o que houve: folha enviada para a Segad, mas sem o contrato devidamente assinado. Por isso os profissionais ficaram fora da folha de pagamento”, detalhou.
Ao relator da CPI, deputado Jorge Everton (sem partido), o depoente negou que algum médico tenha recebido vencimentos sem ter trabalhado, que ocorreu duplicidade de pagamentos ou sobreposição de plantões.
Anderson Soares, para o Poder
Foto: Tiago Orihuela