A construção do “puxadinho” de David Reis (Avante) custará 625% mais caro que o Anexo I feito pela antiga gestão da Câmara Municipal de Manaus (CMM). Enquanto o valor do Anexo II está orçado em 31,9 milhões, o Anexo I teve um custo total de R$ 4,4 milhões. Uma diferença de R$ 27,5 milhões ou 625% a mais.
Além da diferença nos valores, o Anexo I foi fiscalizado em tempo real pela Secretaria Geral de Controle Externo (Secex) do Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM). A iniciativa do presidente da Casa Legislativa à época, Wilker Barreto (Pode), não foi seguida pelo atual presidente, David Reis (Avante). Se caso concretizar, a Corte de Contas deve analisar o gasto do vereador no processo de prestação de contas.
As duas estruturas também possuem um ponto em comum: os gabinetes. O Anexo I foi feito para acomodar os dez gabinetes dos membros da Mesa Diretora do Parlamento Municipal. Utilizando-se dessa premissa, David Reis justificou a obra milionária falando que seria para caber 51 gabinetes. O presidente da Casa Legislativa chegou a aumentar o número para 55, o maior estipulado pelo Inciso IV, do Artigo 29, da Constituição Federal.
Porém, para chegar a 51 gabinetes, Manaus teria que ter mais de 6 milhões de habitantes. Atualmente, conforme dados do Instituto de Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a capital amazonense tem uma população estimada em 2,2 milhões de habitantes.
A Justiça amazonense suspendeu o processo licitatório da construção do Anexo II na última sexta-feira, 17. A Câmara Municipal de Manaus informou para O Poder que a Procuradoria da Casa Legislativa está elaborando a ação pertinente.
Histórico
Este não é o primeiro contrato milionário de David Reis mas é, consideravelmente, o mais caro. Com nove meses à frente da Casa Legislativa, o vereador presidente é conhecido por firmar contrato com valores exorbitantes.
Recentemente, o parlamentar dispensou licitação para comprar utensílios para copa e cozinha sem estipular quais são. Reis também contratou uma empresa para serviços de sustentação, suporte e manutenção do sistema Câmara Digital (Próton) no valor de R$ 943,2 mil, entre outros contratos.
Mesmo com pressão da opinião pública, David Reis preferiu não se pronunciar sobre nenhum contrato firmado. Quanto ao anexo II, nas poucas vezes que o vereador manifestou-se sobre o assunto foi para defender a ideia de que está preparando o Parlamento Municipal para a “futura Manaus”. O parlamentar tirou a opção de comentários em uma de suas redes sociais após ser cobrado publicamente.
Priscila Rosas, para O Poder
Foto: Robervaldo Rocha/CMM
Edição e Revisão: Alyne Araújo e Henderson Martins