O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta sexta-feira que o governo deve reduzir as alíquotas de Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em 35%.
“IPI já decidimos 25%. Estamos conversando, a ideia é reduzir 35% já”, disse no Seminário Economia Brasil, em Fortaleza (CE). “É um projeto incompleto, estamos em transição de uma economia dirigista para uma baseada em mercado”, ressaltou.
De acordo com o ministro, sem a pandemia a taxa de crescimento do Brasil estaria entre 3,5%, 4% ao ano pelos próximos dez anos.
Guedes falou ainda sobre a redução do ICMS e sobre o caixa dos estados e municípios. “Vou reduzir o ICMS um pouquinho, IPI um pouquinho, ou será que governador agora vai querer gastar todo esse dinheiro em ano eleitoral?”, disse.
“Já vamos baixar mais impostos, vamos baixar mais a tarifa de importação”, adiantou. Guedes afirmou ainda que o governo tem “protocolo para agir”, em caso de piora da conjuntura.
Além disso, o ministro voltou a defender que empresas paguem menos impostos e que haja cobrança de dividendos para pessoa física.
“Achei um ato pouco inteligente dos empresários conversarem com os senadores e retardarem essa reforma [do IR]. Quem sabe vai ser maior, independentemente de quem vencer [as eleições]. Do outro lado, [oposição] vai ser [alíquota de] 30%”, ressaltou.
Guedes também voltou a afirmar que encargos trabalhistas são armas de destruição em massa de empregos. “Minha ideia desde o início era colocar uma tributação sobre transações para desonerar [a folha]”, disse. “Não vamos desistir [da Carteira Verde e Amarela]; vamos seguir o nosso plano o tempo inteiro.”
O ministro criticou ainda o modelo de unificação dos impostos. “Nós não concordamos com essa transição para o IVA [imposto sobre valor agregado], como queriam na reforma proposta na PEC 45”, comentou. Guedes voltou a defender a reforma administrativa.
Ele frisou que houve redução de gastos com a criação do Ministério da Economia. “Fizemos uma reforma administrativa invisível. Eram cinco ministérios com R$ 15 bilhões de ano, agora é um com R$ 10 bilhões [centralizados no Ministério da Economia]”, disse.
“O presidente [Bolsonaro] desde o início disse o seguinte: vamos tirar o Estado do cangote do brasileiro, impostos como porcentagem do PIB [produto interno bruto] têm que cair”, afirmou.
Aumento da Selic
O ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu nesta sexta-feira que o aperto monetário promovido pelo Banco Central para combater a inflação trava o crescimento da economia.
“Com juros muito altos, tem desaceleração no componente cíclico” de recuperação, ressaltou. “Se o Brasil crescer 1% 1,5%, 2% neste ano, ele poderia estar crescendo 3,5%, 4%”, não fosse a alta dos juros, ponderou.
Ele comentou ainda os efeitos do conflito entre a Rússia e a Ucrânia. “Estamos pensando em um segundo momento, terceiro momento” de possíveis impactos da guerra, afirmou.
“Se vierem ondas adicionais [do petróleo], vamos fazer as nossas [novas medidas] aqui”, disse.
Guedes lembrou que fertilizantes e grãos representam outros dois impactos da guerra no Brasil. “A primeira coisa a pensar é reduzir barreira de importação, para podermos trazer da Argentina, de onde tiver. Vamos ver também como estimulamos produção de trigo, isso está ligado aos fertilizantes”, ressaltou.
“Mas há um fato físico: há menos grãos e menos petróleo no mundo. Se o pão triplicar de preço, temos que reforçar programa social”, complementou.
O ministro criticou novamente a indexação da economia aos índices de preços. “Acho que agora com esse governo que vai ter que acontecer [a desindexação da economia]”, pontuou. “Todo mundo deveria saber que não fomos nós [governo e BC] que fizemos essa inflação, foi a guerra, a covid”, avaliou.
Investimentos
O ministro da Economia, Paulo Guedes, reforçou nesta sexta-feira que o Brasil não pode ser refém de capacidade de investimentos de Petrobras e Eletrobras.
“[A Eletrobras] está condenada a sumir, não tem capacidade de investimento”, disse. “Vamos fazer uma capitalização [da Eletrobras]”, complementou.
O ministro afirmou que quer “reconstruir a capacidade do setor público”. “Vamos criar o fundo de reconstrução nacional”, ressaltou.
“Quem tá fazendo barulho é a oposição; enquanto eles jogam pedra, nós construímos. Neste ano nosso projeto é Eletrobras, Correios, Porto de Santos, Porto de Vitória, aeroportos Santos Dumont, Congonhas, Galeão”, destacou.
Desemprego
O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta sexta-feira que a taxa de desemprego deve cair abaixo de 10% até as eleições, em outubro. Ele ressaltou ainda a queda do indicador nos últimos meses.
“Criamos 12 milhões de empregos [formais e informais]. A taxa de desemprego estava em 12%, foi para 14,5%, voltou para 12%, voltou em 11,1% e vai embora para baixo, até o dia da eleição já furou esse dez, está descendo”, disse.
O ministro destacou ainda os resultados fiscais. “Zeramos o déficit, ninguém fez isso, no mundo inteiro, só Singapura fez isso, que é uma cidade grande”, afirmou.
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