Nesta quinta-feira, 25, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi o terceiro presidenciável sabatinado no Jornal Nacional pelos jornalistas William Bonner e Renata Vasconcellos. As polêmicas de seu governo e do de Dilma Rousseff entraram em pauta com questões como corrupção, centrão, agronegócio e economia.
“Esse país tem que voltar a crescer, tem que voltar a ser feliz, tem que voltar a gerar emprego, o povo tem que voltar a comer um churrasquinho, uma picanha e tomar uma cervejinha”, disse o ex-presidente.

Bonner ressaltou que havia uma equipe trabalhando com a ex-presidenta e questionou se Lula faria diferente. O presidenciável explicou que quem ganha governa do jeito que “bem entender” e que tem o objetivo de fazer melhor do que fez nos 8 anos em que foi presidente, com melhoria de condições de vida das pessoas, gerar emprego e fazer a economia crescer.
Corrupção
O governo PT foi repleto de escândalos sobre corrupção, como o mensalão, por exemplo. Por isso, esse foi o primeiro tópico da entrevista. Bonner perguntou o que Lula iria fazer para não haver escândalos desse tipo novamente.
“A corrupção só aparece quando você permite que ela seja investigada. Foi no meu governo que criamos o Portal da Transparência, colocamos a CGU (Controladoria Geral da União) com um ministro para fiscalizar”, explicou Lula falando sobre as realizações fiscais de seu governo. “A lava jato enveredou por um caminho delicado, ultrapassou o limite da investigação e entrou no limite da política. O objetivo era tentar condenar o Lula. Qualquer hipótese de alguém cometer crime, por menor ou maior que seja, essa pessoa será investigada, julgada, punida ou absolvida. É assim que se combate a corrupção nesse país”, garantiu.

Lula foi questionado sobre o prejuízo na Petrobras por Bonner. Ele não negou nem admitiu o prejuízo. “Você não só ganhava a liberdade por falar o que queria o Ministério Público como ganhava metade do que você roubou. Ou seja, o roubo foi oficializado pelo Ministério Público, o que eu acho uma insanidade”, disse o candidato falando que as pessoas são condenadas pelas manchetes de jornal.
O ex-presidente também citou os efeitos negativos da lava jato. Lula disse que, caso eleito, fará uma reunião com os governadores para saber quais obras são prioritárias. Renata Vasconcellos questionou o presidente se indicará alguém da lista tríplice na Procuradoria Geral, visto que ele tem evitado responder.

O candidato à vice-presidência, Geraldo Alckmin, também foi defendido por Lula que citou que “está com ciúme” ao ex-governador de São Paulo, em um breve aceno ao empresariado, e que ele é aceito pelo PT e sua militância. Lula criticou os ataques de ódio de Bolsonaro.
“Feliz era o Brasil e a democracia brasileira quando a polarização nesse país era entre o PT e PSDB. Éramos adversários políticos e trocamos farpas, mas se a gente se encontrasse no restaurante, não tinha nenhum problema de tomar uma cerveja. Não nos tratávamos como inimigo mas como adversário. A militância é como torcida organizada. Política é exatamente assim. A gente precisa estar junto com os divergentes para defender os antagônicos”, explicou o candidato, que defendeu uma polarização saudável.
Agronegócio

“A nossa luta contra o desmatamento faz com que eles sejam contra nós. O agronegócio é fascistas e direitista. Os empresários sérios não querem desmatar. Você está lembrada que o atual presidente tinha um ministro do Meio Ambiente que falava para ‘passar a boiada’ para desmatar a Amazônia. O que precisamos é explorar corretamente e cientificamente. O MST faz uma coisa extraordinária, ele é o maior produtor de arroz orgânico do Brasil. Você tem que visitar uma cooperativa para ver que o MST de 30 anos atrás não existe mais. Bolsonaro ganha fazendeiros porque está liberando armas, tem gente que acha que é bom ter arma em casa e matar alguém”, disse Lula, falando sobre convivência pacífica.
Bonner perguntou sobre o apoio de Lula a ditaduras esquerdistas, o presidenciável rebateu falando que “cada país cuida do seu nariz” e que era preciso respeitar. Além disso, o ex-presidente falou que “está tranquilo” com suas relações internacionais e que ninguém é insubstituível, porém, quando se pensa o contrário, o governante vira um ditador. Ele ressaltou que é importante a alternância de poder.

Nesta sexta-feira, 26, a sabatinada será a candidata Simone Tebet (MDB).
Priscila Rosas, para Portal O Poder
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