A suposta prática do tráfico de influência do secretário de Estado de Fazenda (Sefaz), Alex Del Giglio, em beneficio da esposa Rosemeire Nunes Del Giglio, sócia de José Ricardo Biazzo, um dos donos da Zona Norte Engenharia, Manutenção e Gestão de Serviços S.A, consórcio que gerencia o Hospital e Pronto Socorro Delphina Aziz, que no primeiro semestre de 2020, recebeu do governo do Estado R$ 82.801.512,67, foi o tema do pronunciamento nesta quarta-feira, 12, pelo deputado Wilker Barreto (Podemos) durante sessão hibrida na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam).
A denúncia sobre o vínculo das empresas foi divulgada pelo programa Amazonas Diário, na última terça-feira (11), apresentado pelo jornalista Alex Braga.
Wilker ainda revelou que José Ricardo também é dono da Magi Clean Serviços Prestados à Empresas Ltda, responsável por prestar serviços na unidade hospitalar da Zona Norte.
“Como uma PPP (Parceria Público-Privada) que recebeu R$ 20 milhões com dificuldades durante todo o ano de 2019, agora recebe R$ 82 milhões depois da mulher do secretário da fazenda virar sócia de um dos maiores fornecedores do Estado? Isso não é coincidência, e sim uma triangulação direta com influência direta do secretário da Fazenda”, alfinetou.
Segundo Wilker, levantamentos comprovaram que os escritórios das empresas Zona Norte Engenharia, Magi Clean e Profit Câmbio e Serviços, funcionam no mesmo endereço em um prédio na Avenida Carvalho Leal, zona sul da cidade.
“As empresas da PPP e a Profit funcionam no mesmo endereço e no mesmo andar, só que em salas diferentes. Uma funciona na sala 3 e outra na sala 4, isso é muita coincidência”, questionou.
Wilker Barreto prometeu denunciar os contratos para os órgãos de fiscalização e controle do Estado e cobrou um posicionamento da Aleam. Ele disse que quando a Delegacia Especializada de Combate à Corrupção for instalada ele será o primeiro a denuncias as irregularidades no governo estadual, mas admitiu que o novo delegado vai precisar de autonomia para fiscalizar o secretário de Fazenda.
“Contra fatos, não há argumentos. Irei oficializar os órgãos de controle e denunciar esses contratos e esta Casa também precisa urgentemente dar um cuidado especial, porque se não for tráfico de influência por parte do secretário da Fazenda, eu não sei mais o que é. Se essa casa não der autonomia e condições financeiras como é que o delegado vai investigar o secretário de fazenda”, questionou.
Num aparte Serafim Corrêa (PSB) falou que o delegado tem que ter mandado e que o nome a ser escolhido tem que ser submetido a uma sabatina na Aleam que vai avalizar.
“Com mandato ele ficar imune a essa pressão e com a sabatina ele tem que deixar claro a postura dele. De tal forma que a gente pudesse resguardar e evitar qualquer desvio na delegacia que está vindo para tomar as medicas cabíveis e combater a corrupção”, concluiu.
Sefaz diz que nunca houve favorecimento
A reportagem do Portal O Poder entrou em contato com a assessoria da Sefaz que respondeu por intermédio de nota que o fornecedor Zona Norte Engenharia, Manutenção e Gestão de Serviços S/A que tem contrato com o governo do Estado desde 2013, nunca teve tratamento privilegiado.
Confira na integra a nota
Nota Sefaz
Sobre matéria divulgada nesta quarta-feira, 12, afirmando que o titular da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz), Alex Del Gíglio, teria praticado tráfico de influência, ao beneficiar com pagamentos previstos em contrato, uma das empresas prestadoras de serviço para o Executivo, o Governo do Amazonas esclarece que:
– O fornecedor Zona Norte Engenharia, Manutenção e Gestão de Serviços S/A, cujo contrato foi celebrado em 2013 com o Governo do Amazonas, nunca teve tratamento privilegiado no âmbito do Executivo e está sujeito às mesmas regras legais de todos os demais fornecedores;
– Ressalta-se, ainda, que um acionista minoritário, que detinha menos de 1% de participação na empresa, tem vínculo societário com a esposa do secretário de Fazenda do Amazonas, em outra empresa voltada, exclusivamente, para iniciativa privada, portanto, sem qualquer influência no Executivo, o que não caracteriza qualquer ilegalidade;
– Ainda sobre a acusação de tráfico de influência, disseminada pela oposição e parte da mídia, informa que a mesma não se sustenta, uma vez que, segundo o Sistema de Controle e Execução de Despesas Públicas, a fornecedora em questão tem faturas de serviços já executados, a serem pagas pelo Executivo, as quais seguirão o rito legal, aplicado a todas as demais empresas contratadas pelo Governo do Amazonas, sem qualquer tratamento diferenciado;
– Além disso, o Governo do Estado foi informado que desde maio deste ano, o sócio minoritário da Zona Norte Engenharia, o qual mantém sociedade empresarial com a esposa do titular da Sefaz, deixou de ter vínculo com a empresa Zona Norte Engenharia, informação até então desconhecida, e que reforça, mais uma vez, que todas as decisões tomadas no âmbito da Sefaz, consideram apenas critérios técnicos, e não pessoais.
Augusto Costa, para O Poder
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