Brasília – O ministro da Educação Abraham Weintraub no domingo, 5, fez uma postagem no Twitter insinuando que a China poderia se beneficiar, de propósito, da crise mundial causada pelo coronavírus. Depois, ele apagou o texto. A embaixada da China no Brasil, também no Twitter, divulgou uma nota de repúdio, e pediu ao governo brasileiro uma declaração sobre a fala de Weintraub.
No texto Weintraub imitava a fala do personagem Cebolinha, da Turma da Mônica, que, ao falar, troca a letra “R” pela “L”. O ministrou ridicularizou o fato de alguns chineses, quando falam português, efetuarem a mesma troca de letras.
No post Weintraub insinuou que a China vai sair “relativamente fortalecida” da crise do coronavírus e que isso condiz com os planos do país de “dominar o mundo”. Disse ainda que haveria, no Brasil, parceiros dos chineses nesse objetivo.
“Geopoliticamente [sic], quem podeLá saiL foLtalecido, em teLmos Lelativos, dessa cLise mundial? PodeLia seL o Cebolinha? Quem são os aliados no BLasil do plano infalível do Cebolinha paLa dominaL o mundo? SeLia o Cascão ou há mais amiguinhos?”, escreveu Weintraub. Para ilustrar a postagem, ele publicou ainda uma foto de uma capa de um gibi da Turma da Mônica, que mostra os personagens na China.
Nesta segunda-feira, 6, na mesma rede social, o embaixador da China no Brasil Wanming Yang, disse que seu país espera um posicionamento oficial do Brasil sobre a declaração de Weintraub.
Veja a nota abaixo:
Essa não foi a primeira vez que a China foi atacada devido a pandemia. Em 18 março o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente Jair Bolsonaro, também escreveu no Twitter que a “culpa” pelo coronavírus era da china.
“Quem assistiu Chernobyl vai entender o q ocorreu. Substitua a usina nuclear pelo coronavírus e a ditadura soviética pela chinesa. […] +1 vez uma ditadura preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste, mas q salvaria inúmeras vidas. […] A culpa é da China e liberdade seria a solução”, publicou Eduardo Bolsonaro.
Também naquela ocasião, a embaixada publicou uma resposta. O embaixador Yang Wanming disse que manifestaria sua indignação junto a órgãos do governo e marcou os perfis do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.
“A parte chinesa repudia veementemente as suas palavras, e exige que as retire imediatamente e peça uma desculpa ao povo chinês. Vou protestar e manifestar a nossa indignação junto ao Itamaraty e a @camaradeputados. @BolsonaroSP @ernestofaraujo @RodrigoMaia”, respondeu Yang Wanming.
A China é o principal parceiro comercial do Brasil no mundo. Grande parte das exportações brasileiras vai para o país asiático. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores o comércio bilateral entre os dois países movimentou US$ 98 bilhões em 2019.
Izael Pereira, de Brasília pra O Poder
Com informações do Site G1
Foto: Rafael Carvalho / Governo de Transição