O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez um pronunciamento, na tarde desta sexta-feira,24, com o intuito de rebater as declarações do ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, sobre a sua demissão da pasta incluindo informações sobre a exoneração da diretoria da PF e os motivos que levaram a tal decisão.
O presidente fez o pronunciamento com a presença de todos os ministros do governo, em pé, aglomerados e sem o uso de máscaras, contrariando as medidas de isolamento social definidas em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Apenas o ministro da Economia Paulo Guedes apareceu com o uso da máscara.
Inicialmente, Bolsonaro fez um histórico sobre como foi o seu relacionamento com o ex-ministro, mesmo elogiando o trabalho e o compromisso de Moro enquanto juiz, o presidente afirmou que se sente decepcionado com as declarações citadas mais cedo.
“Sabia que não seria fácil. Uma coisa é admirar uma pessoa e outra é trabalhar com ela. Eu disse que hoje as pessoas conheceriam alguém mais preocupado com o seu ego do que com o Brasil”, cita Bolsonaro.
“Confesso que fiquei triste pois ele era um ídolo para mim. Eu era apenas um humilde deputado. Não vou dizer que chorei, seria mentira”, acrescentou o presidente ao afirmar que o primeiro encontro com Moro, foi ignorado.
Mesmo com esse empecilho, Bolsonaro chamou Moro para comandar o Ministério da Justiça e Segurança Pública, quando foi eleito Presidente da República, e citou Maurício Valeixo sobre ser indicado pelo próprio Moro para comandar Polícia Federal. “Apesar da lei dizer que a indicação é exclusiva do Presidente da República. Abri mão e confiei”.
“Como o senhor (Moro) disse hoje na sua coletiva, por três vezes. O senhor disse que tem uma biografia a zelar. Eu tenho um Brasil a zelar”, rebate o presidente.
Caso Marielle Franco
Em um certo ponto do pronunciamento, Bolsonaro faz uma comparação do Caso Marielle Franco e Anderson Gomes, ocorrido em 14 de março de 2018, com o atentado que sofreu durante a campanha eleitoral, no mesmo ano, questionando a preferência da PF nas investigações.
“Entre meu caso e da Marielle, o meu está muito menos difícil de solucionar. O autor foi preso, pessoas testemunharam e telefones foram apreendidos”, diz o presidente ao perguntar “quem mandou matar Jair Bolsonaro?”.
“Exigir da Polícia Federal, via seu ministro, que esse porteiro (do caso Marielle) fosse investigado…Isso é interferir na Polícia Federal?”, pergunta novamente.
Vale reforçar que a Polícia Federal não está à frente do Caso Marielle, sendo investigado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. Porém, já foi concluído pela PF que Adélio Bispo agiu sozinho no atentado.
Exoneração
Sobre a exoneração de Maurício Valeixo do comando da PF, Bolsonaro afirmou que durante uma videconferência, realizada na quinta-feira, 23, Valeixo declarou que desde janeiro conversava com Moro o seu interesse em sair da pasta.
Ao falar sobre a troca com Moro, o presidente definiu “um ponto final”. “Eu falei que o Diário Oficial publicaria a exoneração a pedido. Ele relutou, o Sérgio Moro, e falou: o nome tem que ser o meu. Eu falei: vamos conversar”.
Além disso, o presidente acusou o ex-ministro de pedir indicação no Supremo Tribunal Federal (STF) em troca da exoneração de Valeixo, no mês de novembro.
“Mais de uma vez Moro disse pra mim: você pode trocar o Valeixo, mas em novembro, depois que o Sr. me indicar para o Supremo Tribunal Federal. Eu disse: não é por aí”, afirmou.
No fim, Bolsonaro diz que Moro não vai chamá-lo de mentiroso e que está decepcionado e surpreso com o comportamento do ex-ministro. “Não existe uma acusação mais grave para um homem como eu, um militar e cristão”.
Da Redação O Poder
Foto: CNN/ Reprodução