Neste sábado, 25, o site The Intercept divulgou informações sigilosas de investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ), onde revelam que o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos -RJ), através de esquemas de rachadinhas, financiou e lucrou em construções ilegais de prédios de milícias com dinheiro público.
Os advogados do senador já pediram por nove vezes para que o procedimento seja suspenso.
Três construtoras levantaram as edificações com o dinheiro de rachadinha obtido no antigo gabinete de Flávio, na Assembleia Legislativa do Rio.
“O andamento das investigações que fecham o cerco contra o filho de Jair Bolsonaro é um dos motivos para que o presidente tenha pressionado o ex-ministro Sergio Moro pela troca do comando da Polícia Federal no Rio, que também investiga o caso, e em Brasília”, informou o Intercept.
Os documentos foram obtidos com exclusividade pelo Intercept. Para chegar a essa conclusão, a MP-RJ confrontou informações bancárias de 86 pessoas suspeitas de envolvimento com o esquema ilegal. Os dados ainda apontam que o ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, era quem recebia o dinheiro de rachadinha e repassava à milícia.
Esquema
O esquema funcionava da seguinte forma, Flávio pagava o salário de seus funcionários com a verba do seu gabinete na Alerj, nisso, Queiroz confiscava 40% dos vencimentos dos servidores e repassava parte do dinheiro ao ex-capitão Adriano da Nóbrega.
O dinheiro era usado na construção de prédios irregulares nas comunidades Rio das Pedras e Muzema, localizadas em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio de Janeiro. As duas favelas notaram o crescimento absurdo de construções de prédios irregulares.
Segundo as investigações, o lucro com a venda e construção dos prédios era divido, também, com Flávio Bolsonaro, já que o senador era financiador do esquema usando dinheiro público.
Mãe e esposa de Adriano
Os repasses da rachadinha chegavam até o ex-capitão Adriano através de contas usadas por sua mãe, Raimunda Veras Magalhães, e sua esposa, Danielle da Costa Nóbrega. Ambas ocupavam cargos comissionados no gabinete do deputado na Alerj entre 2016 e 2017.
De acordo com as investigações, as duas movimentavam ao menos R$ 1,1 milhão no período analisado pelo MP.
Laranjas
As construtoras São Felipe Construção Civil Eireli, São Jorge Construção Civil Eireli e ConstruRioMZ, com sede em Rio das Pedras, foram registradas em nomes de laranjas, pelo grupo miliciano formado pelo ex-capitão Adriano da Nóbrega e dois outros oficiais da PM, o tenente reformado, Maurício da Silva Costa, e o major Ronald Paulo Alves Pereira.
O grupo usava nomes de moradores da região para registrar as construtoras na junta comercial do Rio. Os dados comprovam que o trio eram os “donos ocultos” das construtoras ConstruRioMZ, São Felipe Construção Civil e São Jorge Construção Civil.
“As três empresas foram registradas na junta comercial no segundo semestre de 2018, respectivamente, em nome Isamar Moura, Benedito Aurélio Carvalho e Gerardo Mascarenhas, conhecido como Pirata. Os três “laranjas” foram presos na operação policial, juntamente com os oficiais da PM Costa e Pereira”, explica o Intercept.
Queiroz sabia
A frase “O MP está preparando uma pica do tamanho de um cometa para empurrar na gente” dita em áudios via aplicativos de mensagens por Queiroz, divulgada em outubro do ano passado, pelos jornais O Globo e Folha de S. Paulo, aponta que Queiroz sabia que o inquérito tinha notado o uso do dinheiro desviado do esquema de rachadinha para o financiamento de construções ilegais na Muzema e em Rio das Pedras.
Confira a reportagem completa do The Intercept.
Conteúdo: The Intercept
Foto: Pedro França/Agência Senado