dezembro 5, 2024 06:21

COVID-19: Em manifesto, entidades cobram que governo e prefeitura implantem o lockdown

Um manifesto assinado por 58 entidades do Amazonas pede que o governo do Estado e a Prefeitura de Manaus tomem medidas mais enérgicas em relação ao isolamento social na busca pelo enfrentamento da pandemia do novo coronavírus (Covid-19) e defendem que seja adotado na capital amazonense um lockdown, quando apenas serviços essenciais passam a funcionar e estradas passam ter uma fiscalização mais rigorosa. O documento deverá ser protocolado na próxima terça-feira, 19. (Confira as entidades que assinaram o manifesto no final da matéria)

No documento, as entidades afirmam que o governo demonstra fragilidade quando não faz valer o decreto de distanciamento social editado por ele mesmo. “Por exemplo, o funcionamento de fábricas não essenciais no Distrito Industrial foi tolerado pelo governo. Em virtude disso e, sobretudo porque mais da metade da população não respeita o isolamento social, Manaus foi a primeira capital a colapsar o seu sistema público de saúde”, diz parte do manifesto.

Em outra parte, a carta diz que o enfraquecimento do isolamento social faz com que novos casos de contaminação e de morte cresçam de modo avassalador no Estado do Amazonas e que a ausência de testes em massa e de outras medidas de controle dos números da pandemia, não permitem que saibamos a verdadeira extensão da doença no Amazonas. Conforme o manifesto, sem esses dados, não é possível prever quando ocorrerá o ápice da Covid-19 e muito menos quando ela diminuirá por aqui.

O texto fala ainda do colapso do sistema público de saúde e demonstra que tanto a Prefeitura de Manaus quanto o governo do Estado foram negligentes na preparação das condições para enfrentar a pandemia, que o número de leitos criados foi irrisório para atender a população.

“O quadro de profissionais de saúde não foi reforçado com contratações temporárias, como, por exemplo, dos 263 médicos cubanos que residem no Amazonas. Os profissionais de saúde denunciam que nos hospitais há falta de equipamentos de proteção individual, além de quantidade insuficiente de medicamentos, de respiradores mecânicos e outros recursos para tratar os pacientes da Covid-19”, dizem as entidades.

O grupo ressalta que outra situação grave é o avanço da pandemia entre os povos indígenas no Amazonas. “Nos territórios indígenas a doença é levada, sobretudo, por garimpeiros. Na capital, os indígenas que aqui residem não possuem nenhum tipo de atendimento especializado, o que faz com que disputem os mesmos leitos com o restante da população.”

As entidades pedem ainda novos hospitais de campanha para aumentar o número de leitos clínicos e de UTIs, além de contratar temporariamente os 263 médicos cubanos que residem no Amazonas e que no Distrito Industrial somente funcionem as fábricas cujas atividades sejam essenciais para a manutenção da vida humana e combate ao novo coronavírus.

O manifesto pede, ainda, que o governo convoque fábricas do Distrito Industrial a entrarem no esforço de guerra contra a Covid-19, produzindo EPIs para os profissionais de saúde, respiradores mecânicos e outros produtos necessários para combater a pandemia e que os governos federal, estadual e municipal criem barreiras sanitárias e tomem outras medidas necessárias para impedir o avanço da Covid-19 entre os povos indígenas no Amazonas.

Um dos integrantes do Instituto Alternativo de Petrópolis, o ex-vereador Waldemir José, informou que a intenção é protocolar o documento o mais rápido possível. “Queremos reforçar o pedido do Ministério Público, para que medidas urgentes sejam tomadas contra essa pandemia que vem assolando o Estado do Amazonas, as famílias amazonenses e trazendo prejuízos em todos os setores, seja da economia ou social”, ressaltou.

Na Justiça

Em nota, a Secretaria Municipal de Comunicação (Semcom) disse que o tema lockdown está sendo tratado pelo Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM) e o prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB) pediu cautela na hora de avaliar reabertura de comércios ou mesmo de um possível confinamento geral.

O governo não quis comentar a iniciativa destas entidades.

Na última terça-feira, o governador Wilson Lima anunciou a prorrogação, até dia 31 de maio, da suspensão do funcionamento de todos os estabelecimentos comerciais e de serviços não essenciais e destinados à recreação e lazer, a em concordância com os decretos municipais.

Ainda na terça-feira, o Ministério Público (MP-AM), recorreu à 2ª instância, sete dias após o juiz titular da 1ª Vara da Fazenda Estadual, Ronnie Stone, indeferir o pedido de lockdown, com um novo pedido de bloqueio total em Manaus, por um período de 10 dias.

Em uma nova decisão, o desembargador Anselmo Chíxaro acautelou-se e concedeu prazo de 15 dias úteis para que o governo do Estado e a Prefeitura de Manaus se manifestem no recurso apresentado pelo Ministério Público do Estado do Amazonas. Dessa forma, a decisão deverá ficar para o final do mês.

 

Confira o nome de todas as entidades que assinaram o manifesto:

  1. Instituto Alternativo de Petrópolis
  2. Padre José Alcimar de Souza Araújo – Pároco da Paróquia São Pedro Apóstolo

e vice-presidente da Cáritas Arquidiocesana de Manaus

  1. Manoel Ademar Vasques Mendes – Diácono Permanente servindo na Paróquia

São Pedro Apóstolo

  1. Iniciativa “Projetos Sociais”
  2. Núcleo do PT de Petrópolis
  3. Antônio Nicácio – Coordenador da Comunidade Nossa Senhora das Graças –

Diaconia 6 – da Paróquia São Pedro Apóstolo e Assessor Paroquial dos Ministros

Extraordinários da Palavra

  1. Aloysio Nogueira – Professor da Ufam e ex-vereador de Manaus
  2. Waldemir José – ex-vereador de Manaus
  3. Marilene Corrêa – Professora da Universidade Federal do Amazonas

10.Marcela Vieira – Cáritas Brasileira

11.Helton Vilaça – Professor da Rede Pública de Educação

12.Movimento Nacional de Luta pela Moradia – MNLM

13.Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional

e Tecnológica (Sinasefe/Manaus)

14.Raissa Maria Barbosa da Costa – Diretora da União Nacional dos Estudantes

(UNE) e Coordenadora Nacional do Movimento Enfrente.

15.Cristiane Sales – União Nacional de Luta Por Moradia

16.Núcleo Construindo Poder Popular do Partido dos Trabalhadores

17.Movimento de Mulheres por Moradia Orquídea

18.Associação Organizada de Luta por Moradia

19.Associação Organizada por Moradia do Norte

20.Associação Por Moradia Ana Oliveira

21.Nonata Corrêa – Professora Yalorixá Nagô e membra da ARATRAMAA

22.Pai Ribamar – Associação Terreiros de Santa Bárbara Seringal Mirim

23.Ilé Axé Opo Opará Iranduba-AM

24.ARATRAMAA

25.Associação Cultural Toya Badé

26.Professor Gerson Medeiros – Professor da Rede Pública de Educação e exdiretor do SINTEAM

27.Associação Nossa Senhora da Conceição

28.Fórum Afro-ameríndias e Caribenhas

29.Fórum de Mulheres de Manaus

30.CONEN

31.Coletivo Ponta de Lança

32.UNEGRO

33.Keylla Maria de Oliveira Marinho – Rede Nacional de Mulheres Negras no

Combate à Violência

34.Silvana Veríssimo – Rede Nacional de Mulheres Negras no Combate à Violência

35.Pai Alberto Jorge Silva – Coordenador Geral da ARATRAM

36.Pai Jonathan Azevedo de Souza – Presidente da Associação de Desenvolvimento

Sócio Cultural Toy Badé

37.Coletivo de Jovens Negras Acotirene

38.Militância Jurídica Para Direitos Humanos e Justiça Social

39.Rádio Comunitária A Voz das Comunidades

40.Comunidades Eclesiais de Base Regional Norte I

41.Núcleo Político Zilda Arns

42.COOASTEPS da Amazônia

43.Unicafes Amazonas

44.Eduardo Colmanetti – Membro do Fórum das Águas

45.Inaldo Seixas – Economista

46.Orlando dos Santos Dias – IACI

47.Gustavo Henrique Moreschi Passaneli – Secretário de Comunicação do PT de

Parintins

48.Associação Brasileira de Economistas pela Democracia – ABED-AM

49.Casa de Cultura Urubuí

50.Delegado João Tayah – Movimento Manaus Pela Democracia

51.Miracelma de Souza Silva – Coordenação da Articulação de Mulheres do

Amazonas (AMA)

52.Socorro Prado – Coordenação da Articulação de Mulheres do Amazonas (AMA)

53.Izabel Guimarães – Coordenação da Articulação de Mulheres do Amazonas (AMA)

54.Maria Eugênia Frazão – Coordenação da Articulação de Mulheres do Amazonas

(AMA)

  1. Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental (SARES)

56.Padre Sandoval – Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação

Socioambiental (SARES)

57.Fórum das Águas

58.Articulação Pela Convivência com a Amazônia

 

 

 

Henderson Martins, para O Poder

Foto: O Poder

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