Com tantas brigas, confusões, decisões obscuras, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde está condenada a não ir adiante. O capítulo desta vez foi a retirada do nome do deputado estadual Felipe Souza (Patriotas) da composição dos membros do colegiado sem o seu conhecimento prévio.
A composição oficial foi publicada na edição de segunda-feira, 25, do Diário Eletrônico da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam).
Na sessão virtual desta terça-feira, 26, Felipe Souza cobrou o presidente da Aleam, Josué Neto (PRTB), por ter-lhe retirado da CPI da Saúde. Ele disse que foi surpreendido com essa atitude, já que na semana passada, após reunião entre os líderes partidários e Josué, ficou acordado que ele participaria da comissão.
Belarmino Lins (PP) também criticou os critérios de escolha e reivindicou uma das vagas e ameaçou acionar a Justiça diante dessa composição.
“Senhor presidente, ontem saiu no Diário Oficial da casa, a publicação da formação da comissão dos membros que compõe a CPI. Confesso a vossa excelência que fui surpreendido com a formação dessa CPI, até porque na reunião que tivemos na quarta-feira, já havia sido definido os membros e eu fui o quinto membro escolhido. Dentro do nosso bloco de seis votos eu tive quatro votos e estava esperando que vossa excelência homologasse o meu nome com a minha indicação”, cobrou. Felipe
Felipe Souza, que foi o oitavo deputado a assinar a CPI da Saúde tornando a sua instalação legítima, cobrou uma explicação de Josué que, a exemplo da CPI dos Combustíveis, quando também assinou para a sua formalização e também ficou de fora.
“Essa CPI está se tornando uma torre de babel. Vou pontuar mais alguns erros que ocorreram: a indicação da Therezinha Ruiz foi fora do horário das 12h que o senhor estipulou. Ela protocolou às 13h, então está fora. Existem vários erros nesta CPI se for preciso eu falo outros aqui”, alfinetou.
Felipe ainda afirmou que ocorreu algum equívoco por parte da assessoria do presidente para que ele excluísse o seu nome. “Longe de desconfiar da lisura de Vossa Excelência, mas acho que houve algum equívoco da sua assessoria que deve ter lhe passado alguma informação errada. Quero saber de vossa excelência o que aconteceu e pedir a reivindicação. Na vez passada na CPI dos Combustíveis fui um dos oito que assinou e o meu nome não estava e agora, na CPI da Saúde não consta. Queria pedir que vossa excelência tomasse as devidas providências para que agente não tenha que tomar outras medidas”, ameaçou.
A formação definida na última quarta-feira era composta pelos deputados: Delegado Péricles (PSL), Dr. Gomes (PSC), Mayara Pinheiro (PP), Felipe Souza (Patriota) e Wilker Barreto (Podemos). Na nova composição publicada ontem, a CPI ficou formada por: Delegado Péricles, Dr. Gomes, Fausto Júnior (PRTB), Serafim Corrêa (PSB) e Wilker Barreto.
Belarmino Lins, líder do Partido Progressista, também reivindicou uma das vagas na CPI da Saúde. Ele disse que estava sentindo a ausência do partido nas decisões. “Falo em nome dos Progressistas da nossa irresignação dos métodos adotados para composição da CPI. Acho que padece dos mesmos vícios daquele composição originária aonde quem tem o maior número de representatividade parlamentar fica com menos e quem tem menos representatividade parlamentar fica com mais”, afirmou.
Belarmino explicou que colegiado de líderes do Parlamento amazonense é composto por 17 líderes, sendo que 12 destes líderes integram a bancada situacionista e representa 2/3 do parlamento amazonense, ou seja, 16 deputados.
O colegiado de líderes oposicionistas são cinco, que representam oito parlamentares, dentro do contexto do Poder Legislativo.
O deputado questionou a disposição das vagas, que mais parece uma “CPI da oposição e não do Parlamento amazonense”, uma vez que do total de membros há mais oposicionista do que governista. Lins ameaçou judicializar a CPI da Saúde.
A deputada Mayara Pinheiro (PP), também demonstrou insatisfação pela ausência dos Progressistas na CPI. “O deputado Belarmino Lins já expressou a importância do Progressista contribuir com os trabalhos dessa CPI”, afirmou.
Wilker Barreto chegou a questionar a presença do deputado Dr. Gomes na comissão e sugeriu que ele cedesse a sua vaga para o deputado Felipe Souza que, na sua avaliação, a presença de Gomes na CPI significa medo da bancada do governo com a investigação.
O deputado Josué Neto falou que no final do expediente vai responder a todos os questionamentos dos deputados.
Augusto Costa, para O Poder
Foto: Aleam