Em depoimento na CPI da Saúde nesta sexta-feira, 12, a sócia-administradora da empresa Sonoar, Luciane Andrade, revelou que a sua empresa foi quem vendeu os respiradores em Manaus para a loja de vinho que, em seguida, revendeu para o governo do Estado. Essa declaração deve mudar o rumo das investigações da Comissão Parlamentar de Inquérito.
Luciane confirmou aos membros da CPI que recebia mais de 100 ligações por dia de empresas interessadas em comprar os ventiladores respiratórios. Ao ser questionada pela comissão se já havia vendido respiradores para uma empresa que não era do ramo, Luciane confirmou que foi procurada pela loja de vinhos FJAP.
“Nunca tinha ouvido falar dessa empresa. Assim como ela, muitas empresas entraram em contato. Perguntaram quantos eu tinha para pronta entrega e eu tinha 28. ‘Então você pode botar os 28 pra mim’. Mandei e-mail ele aprovou a proposta e comprou. Na minha proposta a condição de pagamento era à vista”, afirmou.
Após ouvir o depoimento da empresária, o deputado Serafim Corrêa (PSB) disse que chegou a conclusão que agora a CPI da Saúde tinha a confirmação que quem vendeu os equipamentos respiratórios para a loja de vinho foi a Sonoar.
“O que fica caracterizado é que o governo do Estado estava mentindo. Dizendo que comprou da loja de vinhos porque ela seria a única que tinha inscrição para importar, quando, na verdade essa mercadoria foi comprada em Manaus. Ela não foi importada. Isso é muito grave. Essa revelação desmonta toda a argumentação do governo do Estado”, disparou.
Wilker Barreto (Podemos) também foi na esteira do colega da comissão e criticou a postura da empresa Sonoar no processo de venda dos respiradores. Wilker afirmou que o Estado foi lesado e agora tem que se buscar os culpados.
“Pelo que acompanhamos, ficou claro o silêncio da Sonoar. Pra mim foi um conluio (cumplicidade para prejudicar terceiros). Ela tinha uma proposta oficial e o que é pior depois que o escândalo veio a tona em nenhum momento ela (Sonoar) procurou se acautelar. Ou seja, ganhou a Sonoar e a loja de vinhos só não ganhou o povo. Então isso é grave. Já está materializado o dolo eu quero saber agora de quem veio a ordem”, concluiu.
Dados técnicos
No momento em que a gerente de compras da Susam, Alcineide Figueiredo, estava se pronunciando sobre os dados técnicos dos contratos de compras da Susam, o depoimento teve a transmissão digital interrompida, pois segundo a assessoria da CPI da Saúde, o depoimento é sigiloso.
O Portal O Poder entrou em contato com a assessoria da Secretaria de Estado de Saúde (Susam) para repercutir a revelação da empresária Luciane Andrade, mas a assessoria de imprensa afirmou que o órgão somente vai se manifestar após a entrevista coletiva da CPI, que acontece neste momento.
Augusto Costa, para O Poder
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