Ao prestar depoimento na tarde desta segunda-feira, 29, na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde, o ex-secretário estadual de saúde, Rodrigo Tobias, revelou que foi contra a aquisição dos 28 respiradores comprados pelo governo com preço acima dos R$ 2,97 milhões para tratamento de pacientes com Covid-19, porque, os aparelhos não atendiam os pacientes de UTI.
Ele também revelou que o projeto Anjos da Saúde, que recebeu investimentos da ordem de R$ 6 milhões, foi uma sugestão de Carla Pollake, apontada como uma espécie de “marqueteira” do governador Wilson Lima (PSC), e que mostra ter bastante influência no atual governo.
O depoimento de Tobias, que ficou cerca de um ano à frente da Secretaria de Estado da Saúde (Susam), durou cerca de cinco horas.
Ao ser questionado se a compra dos equipamentos partiu dele, Tobias, disse que foi a SEA Capital (Secretaria Executiva de Assistência Especializada da Capital), que compõe a área técnica da Susam (Secretaria de Saúde do Amazonas) que tomou a iniciativa.
“Sim, eu tive consciência, dentre os vários processos de compra, que tinha essa compra desses respiradores. E que na ocasião foi trazido pela área técnica, SEA Capital, como sendo respiradores apropriados e que tínhamos que ter o respirador”, afirmou.
Tobias esclareceu durante o depoimento que, ao contrário do que vem sendo divulgado, que os equipamentos que seriam adquiridos não serviam para o tratamento de Covid-19, ele explicou que eram apenas para os internados em leitos clínicos, mas que a maior necessidade no momento de pico da pandemia era a utilização da UTI.
O ex-titular da Susam ainda acrescentou que não teve acesso ao processo físico relativo a compra dos respiradores nem tinha como saber da mudança do código de identificação do equipamento, daí teve que confiar área técnica.
Rodrigo citou em seu depoimento a ex-secretária executiva adjunta de Assistência Especializada da Capital, Dayana Mejia e, que, em um segundo momento a proposta para a compra foi novamente retomada através dela, e em decisão do colegiado o processo de aquisição foi aprovado.
“Num primeiro momento, final de março, eu optei por canalizar e centralizar esforços na compra de ventiladores de ventilação orotraqueal. Num segundo momento, quando eu já tinha instituído o gabinete de enfrentamento ao coronavírus dentro da Susam, todas as nossas decisões eram tomadas em colegiado. Em uma dessas reuniões a área técnica apresentou novamente a proposta, dizendo que era importante comprar esses respiradores. E eu falei: ‘por que que é importante? Me comprovem, porque eu não sou médico’. Essa reunião se não foi dia 2, foi dia 3 de abril”, concluiu.
Tobias foi exonerado da Susam dia 7 de abril e, no dia seguinte, 8, Wilson Lima anunciou a nova titular da Susam, a biomédica Simone Papaiz.
Nesta terça-feira, 30, a CPI vai ouvir, às 15h, o ex-secretário-executivo do Fundo Estadual da Saúde, Perseverando da Trindade.
Augusto Costa, para O Poder
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