Augusto Aras, procurador-geral da República, participou nesta terça-feira, 28, de uma webconferência intitulada “Os Desafios da PGR em Tempos de Pandemia”. Acima, vai o vídeo com a íntegra do evento, promovido pelo grupo “Prerrogativas”, que reúne advogados empenhados no fortalecimento do devido processo legal e do direito de defesa. O doutor botou fogo no parquinho. Depois do que disse, ou providências efetivas são tomadas — e espero que os ministros do Supremo atentem para o conteúdo de sua fala —, ou só a bagunça nos contempla. O país vive sob a ameaça de um estado policial paralelo.
Se há coisa que o capeta gosta de fazer — jogando com os símbolos do Mal e do Bem — é apelar às Santas Escrituras para justificar o inferno, não é mesmo? Cai na conversa quem se deixa seduzir pelo rabudo ou quem já concorda com ele mesmo sabendo quem é… Das duas uma: ou Aras está louco — e não parece que esteja —, ou a Lava Jato se transformou num monstro que tem de ser enjaulado. Já está devorando instituições faz tempo. Levou o país ao buraco legal e institucional, elegeu um presidente povoador de cemitérios, mas os valentes continuam a cavar o abismo. E, pior!, com a conivência de certa imprensa.
Aras se mostra disposto a revelar as características desse Leviatan, tentando colocá-lo sob controle. É, sim, alvo da desconfiança de algumas pessoas sensatas porque evidenciou, em alguns momentos, mais proximidade com o presidente Jair Bolsonaro do que seria prudente. Pesa contra ele o fato de que não saiu de uma listra tríplice votada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). Isso, por si, é uma besteira.
A eleição é inconstitucional. O mais deletério de quantos procuradores-gerais tivemos, Rodrigo Janot, foi uma escolha de seus pares. Boa parte das deformações em curso são de sua responsabilidade. Foi sob a sua gestão que se instaurou o império da desordem.
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Fonte: UOL
Foto: Michael Melo/Metrópoles