A ex-gerente de compras da Secretaria de Estado de Saúde (Susam), Narelda da Silva Barros, participou de oitiva na manhã desta segunda-feira, 3, na CPI da Saúde, instalada na Assembleia Legislativa do Amazona (Aleam), onde explicou a mecânica de funcionamento dos processos envolvendo a empresa Norte Serviços Médicos, durante ação no interior em 2017 na realização de exames médicos de colposcopia e conização, suspeitos de superfaturamento na gestão relâmpago do então governador David Almeida (Avante).
De acordo com o presidente do colegiado, deputado delegado Péricles (PSL), ocorreu uma montagem de processos para justificar pagamentos de indenizatórios, se referindo aos serviços de exames médicos pela Norte Serviços Médicos.
“Foi montado um processo com documentos de outros, que sequer foram realizados, e isso é mais grave ainda. Existe um pedido posterior que seriam os serviços prestado em outros municípios, que ela (Narelda), na sua responsabilidade no setor de compras de uma cotação de preços para ver qual era o mais vantajoso. Apesar de nós percebermos que as demais propostas também estavam com os preços muito acima do normal. É o que acontece nesses processos indenizatórios ilegais que já acontecem há muitos anos. Essa empresa presta serviços ao Estado desde 2016”, disse Péricles.
Durante seu depoimento, Narelda explicou que houve o uso de informações de um processo que estava sendo licitado para compor o processo de pagamento dos exames efetivados pela empresa Norte Serviços Médicos, os quais tiveram custo unitário superior a R$ 8,6 mil, quando o mercado indicava preço máximo de R$ 1,5 mil.
Os exames foram realizados pela Norte Serviços Médicos nos municípios de Guajará, Ipixuna e Envira e, segundo o deputado Dr. Gomes (PSC), nunca foi feito processo licitatório para atender essas localidades em função das dificuldades de infraestrutura e logística.
“Eu conheço o processo no interior. Quem sabe no período de um ano foram feitos 500 exames, que é uma carência muito grande e a maior incidência de câncer de colo uterino do mundo está praticamente no nosso Amazonas. Os prefeitos do interior diante do quantitativo grande de preventivos, não somente os prefeitos de Envira, Ipixuna e Guajará, isso é geral, fazem o contrato com uma empresa de saúde da capital e num determinado momento vai pra lá uma equipe médica contratada nessas condições aqui. Não estou aqui defendendo, mas explicando tecnicamente como procede”, disse o deputado, que é médico.
A CPI continua com as oitivas na tarde desta segunda, quando será ouvido o ex-secretário-adjunto do interior da Susam, Edivaldo da Silva.
Augusto Costa, para O Poder
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