A Nova Zelândia comemora, neste domingo, 100 dias sem nenhum caso de Covid-19. A vida na pequena nação insular, com 4,8 milhões de habitantes, aos poucos, volta ao normal. Desde o início da pandemia, o país foi considerado um exemplo para quem defendia as medidas de isolamento social e de priorização da vida sobre a economia. Já quem acreditava que era melhor manter a economia funcionando para não sofrer um baque ainda maior, se inspirava na Suécia.
O governo sueco preferiu uma abordagem bem diferente. Sob supervisão do epidemiologista-chefe Anders Tegnell, o país manteve shoppings, restaurantes, escolas e academias funcionando normalmente. Com um sólido sistema de saúde e uma população saudável, a Suécia imaginava que teria mais mortes no início, mas, alcançaria rapidamente a chamada “imunidade de rebanho” e não sofreria com uma segunda onda da doença.
Passados cerca de cinco meses do início da pandemia, podemos dizer que uma estratégia foi melhor do que a outra? Sim, definitivamente.
Se a Suécia esperava sofrer mais no curto prazo e se beneficiar no longo prazo, errou feio. Hoje, o país se vê obrigado a adotar medidas mais duras de isolamento do que outros países europeus que fecharam suas economias logo de cara. Em maio, o país figurava na liderança mundial em mortes per capita.
É verdade que o PIB sueco cresceu no primeiro trimestre. Mas, com a necessidade de estabelecer uma quarentena mais rígida para evitar uma tragédia ainda maior, essa vantagem desapareceu. Hoje, a queda esperada é similar a de outros países nórdicos, como a Noruega. As mortes, no entanto, foram muito maiores entre os suecos.
“Temos uma segunda chance. Não queremos que o vírus se espalhe novamente. Temos a oportunidade de aprender e tomar medidas adicionais para evitar o pior”, afirmou Cecilia Söderberg-Nauclér, professora de imunologia molecular da universidade Karolinska, de Estocolmo, ao jornal Financial Times.
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