novembro 24, 2024 06:53

Dividida, direita de Manaus se mostra sem força e sem liderança para a disputa majoritária

A 16 dias do início do período das convenções partidárias, onde serão definidas candidaturas, chapas e alianças para a disputa majoritária em Manaus, a eleição municipal 2020 vai mostrar que a direita nem é tão unida assim. Pelo menos é o que está vindo à tona do bastidor das articulações políticas em torno de alianças entre os partidos que se autointitulam direita e que possuem diversos pré-candidatos.

Praticamente todos estes prefeituráveis levantam a bandeira do ‘bolsonarismo’ e querem o apoio do presidente da República para alavancar suas candidaturas. Mas, não querem andar juntos entre si e nem pensam em fechar alianças em torno de uma frente ampla da direita, o que para especialistas pode ser negativo e ameaçar a eleição de um possível representante dessa corrente ideológica.

Entre os pré-candidatos à Prefeitura de Manaus que militam na direita aparecem o presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), deputado Josué Neto (PRTB); o empresário Romero Reis (Novo); o ex-superintendente da Suframa, Alfredo Menezes (Patriota); o deputado federal Alberto Neto (Republicanos) e; o vereador Chico Preto (DC).  

Mas o caminho para eles tem sido difícil nesse período de pré-campanha: Josué Neto não consegue alavancar seu nome para a disputa; Romero Reis declarou que seu partido não quer aliança com outros da direita; Alfredo Menezes enfrenta rejeição em seu entorno e praticamente não aparece nas pesquisas de intenção de voto; Alberto Neto já mandou recado de que não será vice em nenhuma chapa e, Chico Preto, além de enfrentar dificuldade em fechar aliança, lançou uma campanha virtual para arrecadar recursos para patrocinar sua campanha eleitoral.

Para Alberto Neto, que afirma estar conversando com alguns partidos desta ala política, esta eleição vai servir de experiência e pode ser o desenho para a de 2022, ma admite que o grande número de candidatos da direita pode complicar a articulação política e, defende, uma união partidária.

“Essa desunião da direita no Amazonas só irá fortalecer a esquerda. O Zé Ricardo (PT), por exemplo, foi o mais votado no pleito passado, isso pelo fato de que a esquerda estava unida. Se isso acontecer, ele (José Ricardo) se torna forte. E, isso é algo complicado, pois, não queremos um governo desastroso, não queremos isso para Manaus”, salientou. 

O pré-candidato chega a confessar que, se aparecer um nome mais forte e competitivo da direita para a Prefeitura de Manaus, ele até considera desistir da disputa. “Caso exista um nome mais competitivo, eu abro mão da minha candidatura”, revelou.

Corrente enfraquecida, eleitor polarizado

O presidente do diretório estadual do DC, Cícero Lima, disse que o grande números de candidatos ao majoritário pela direita polariza o eleitorado, desvincula a união e enfraquece a direita. “Só esses tópicos já mostra que estamos no caminho errado, que faz com que os velhos costumes de alianças que misturam tudo só para o benefício próprio aconteça”, disse.

“Analisando toda situação política do país e do Amazonas, já percebemos que não tem critérios para querer ganhar a eleição. Nós do Democracia Cristã estamos mudando essa história, resgatando a essência das virtudes e da coerência dos conceitos. Nosso pré-candidato Chico preto é um homem de vida limpa, de passado limpo, de uma postura firme. Sofremos muito hoje por não conseguir agregar os partidos de direita, se por questão de opinião, ou se por questão de poder, ou se por questão de falta de visão política”, disse Cícero.

‘Velha política e seus interesses’

O pré-candidato à Prefeitura de Manaus pelo Novo, Romero Reis, disse que a grande questão é que os grupos políticos-partidários, que para ele representam a velha política, estão preocupados com seus interesses particulares, escusos, com os acordos de bastidores. “Estão sempre buscando formas de chegar ou se manter no poder para se servir da política, enquanto deveriam estar preocupados com o bem estar das pessoas.” 

Para o empresário, não há unidade na direita, já que os interesses individuais estão acima dos coletivos. “Sempre  haverá desalinhamento”, analisou. 

Vitrine para as ‘mercadorias’, diz Josué

Aspirante a prefeito, o deputado estadual Josué Neto garante que a eleição municipal de 2020 é uma antessala para a de 2022 e, que, de repente o prefeito eleito este ano poderá vir a disputar o governo em 2 anos. “Quem garante? Ou o que ficar em segundo lugar também não será candidato ao governo em 2022”, disse. 

Para o pré-candidato, a “vitrine de 2020 é uma vitrine em que as mercadorias não estarão tão acessíveis”. “Mas em 2022, será fácil fácil comprar essas mercadorias em até 90% de desconto. Ou seja, elas estarão mais fáceis de serem escolhidas pelo povo”, profetizou. 

Confusão de ideologias 

Para o advogado e cientista político Carlos Santiago, a falta de unidade entre partidos declarados ideológicos nas eleições é uma tradição no Brasil. “Há muitas divergências, muitas contradições, mas poucas convergências eleitorais. Nas eleições municipais de Manaus deste ano já aparecem as primeiras contradições: a declarada união do PSB do Serafim com o PSD de Omar Aziz. Isso acontece porque a maioria dos partidos no país tem dono e família no controle. Por isso, na hora de votar o eleitor fica sem saber quem é de direita, de esquerda e de centro”, explicou o cientista político.

Para Santiago, essa falta de unidade prejudica o crescimento de qualquer pré-candidatura lançada, isoladamente, defensora dessa ideologia, e cria ainda uma confusão na escolha do eleitor simpatizante da ideologia de direita.

O cientista político relembra a declaração do presidente Bolsonaro, de que não vai interferir nas eleições municipais, e que a falta de um pensamento unificado pode resultar num péssimo desempenho nas eleições municipais e influenciar negativamente em 2022 nas eleições para o governo e para o Legislativo”, completou.

Somente em meados de setembro é que o eleitor manauense saberá quem serão, de fato, os candidatos que vão disputar este voto para administrar a capital amazonense por 4 anos.

 

 

 

 

Da Redação O Poder

Colaborou Henderson Martins

Foto: Montagem

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