Durante mais de duas horas, o diretor-executivo local do Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH), José Luiz Gasparini, prestou depoimento nesta sexta-feira, 28, na CPI da Saúde da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam). Gasparini confirmou, diante os membros da comissão que, no auge da pandemia da Covid-19, o Hospital Delphina Aziz estava com a oferta de 100% dos leitos disponíveis para atendimento e que o governo do Estado foi avisado.
Ao ser questionado pelo deputado Wilker Barreto (Podemos) sobre a disponibilidade de 100% de leitos no período da pandemia no Delphina Aziz, o diretor explicou que a Susam tinha conhecimento por intermédio de um relatório diário das vagas disponíveis na unidade de saúde.
Gasparini explicou que a OS não captura pacientes para o hospital, mas, o papel deles é deixar o leito preparado para receber estes pacientes. “O complexo regulador e o médico regulador é que vão fazer o encaminhamento dos pacientes. Os leitos foram ofertados”, acrescentou.
Wilker retrucou que a existência de leitos sem uso matou muita gente no Amazonas e apontou o secretário de Saúde da época Rodrigo Tobias, até dia 7 de abril, substituído por Simone Papais, e o governador Wilson Lima como responsáveis pelas mortes.
O presidente da CPI da Saúde, deputado delegado Péricles, confirmou que essa fase de investigações da comissão está voltada para os contratos do Hospital Delphina Aziz e com o depoimento do diretor executivo da Organização Social de Saúde, a cada dia que passa os membros da comissão ficam mais assustados com o que recebe de informações.
“A OSS, nesse período de pandemia, vem recebendo em torno de R$ 17 milhões e segundo o diretor executivo (José Gasparini) disponibilizou nesse período 100% dos leitos, só que a Secretária de Saúde (Susam) e o governo do Estado não ocuparam, preferiram deixar os pacientes em SPAs e unidades de saúde com outros doentes e no próprio Hospital Nilton Lins que foi um desastre o que aconteceu ali, ao levar para leitos que estavam vazios e preparados para receber os pacientes com covid-19, segundo relato do diretor executivo. Estamos apurando esses fatos”, alfinetou.
Péricles afirmou ainda que a OS recebe 100% do valor estabelecido no contrato, mesmo sem atingir metas e produtividade, fugindo da sua essência e finalidade que é uma natureza social que não visa lucro.
“Ela recebe 100% e prestou nesse período de pandemia no máximo 70% daquilo que poderia. Tudo a CPI está investigando os absurdos que encontramos por conta desse contrato e estamos passando para todos”, concluiu.
Augusto Costa, para O Poder
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