Pela segunda vez, o ex-titular da Secretaria de Saúde do Amazonas (Susam), Rodrigo Tobias, prestou depoimento na CPI da Saúde da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam). A oitiva aconteceu nesta segunda-feira, 31. Ele afirmou que o governo do Estado não tinha orçamento para estruturar a saúde, em 2019.
Tobias culpou, durante o seu depoimento, a gestão governamental anterior (do ex-governador Amazonino Mendes) e justificou que existia um rombo no valor de R$ 1,1 bilhão quando assumiu a Secretaria de Estado da Saúde (Susam). Na sua avaliação, seria mais viável contratar a OS do Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH) que já estava licitado por R$ 8,4 milhões do que manter o Hospital Delphina Aziz que custava R$ 11 milhões neste período.
Ao ser questionado pelo presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (PCI), deputado delegado Péricles (PSL), se não havia previsão orçamentária para esse contrato de gestão da OS ou só havia apenas para pagar 50%, porque foi feito esse contrato, Rodrigo Tobias, explicou.
“A gente foi buscar. Não tinha orçamento. O orçamento da Susam sobrevivia até outubro do ano passado. Deputado essa foi a realidade. A gente tinha um rombo de R$ 1,1 bilhão deixadas pelo governo anterior. Tivemos que tirar orçamento de outras áreas. Não sou o dono da verdade quando eu entrei esse contrato era vigente”, justificou.
Sobre a comissão de acompanhamento dos serviços prestados no Delphina Aziz, acusada de omissão pelos membros das CPI da Saúde, Tobias se eximiu e disse que quem estava à frente da comissão, durante o período de implantação da OS, era a ex-secretária executiva Vanessa Lima, que segundo ele conhecia todo o processo e coordenava a comissão, com 11 membros.
O presidente do colegiado, deputado Péricles, considerou importante o depoimento do ex-secretário da Susam, Rodrigo Tobias nessa fase de investigações.
“Na verdade foi esclarecedor porque nos confirmou a falta de controle e fiscalização da Susam em relação ao contrato com a OS desde o início quando se pagou o valor de 100%, mas que não correspondia ao serviço prestado pela própria OS que culminou com o valor de quase R$ 17 milhões que é pago hoje num outro contrato por conta da pandemia, em que se fez um cálculo bem acima daquilo que realmente aconteceu onde teríamos 207 mil hospitalizados e ficamos bem longe disso e se paga até hoje esse valor e atualmente temos apenas 30% dos leitos ocupados”, disse.
‘Essa oferta de 100% não aconteceu’
Durante o depoimento realizado na manhã desta segunda-feira, 31, a ex-secretária executiva de Saúde da Capital, Dayana Meijia, desmentiu o diretor executivo do Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH), Luiz Gasparini, e disse que ao contrário do que foi afirmado por ele em sua oitiva na última sexta-feira, 28, que o Hospital Delphina Aziz não ofertou 100% dos leitos durante o período da pandemia.
Meijia sugeriu que a CPI da Saúde peça o relatório de regulação com o mapa de leitos no período de abril. “Essa oferta de 100% não aconteceu. O senhor pode pedir um relatório da regulação, peça o mapa de leitos do período de abril. Eu não sei qual a data que vocês querem pedir para analisar, mas, desculpa, eu tinha a noite 90 pacientes aguardando remoção. Eu tinha 150 pacientes aguardando remoção. Às vezes, 120 pacientes. No dia 21 de abril, quando fui exonerada, pela manhã eu recebi o mapa e havia 91 pessoas aguardando remoção. Se eles estavam aguardando remoção, é porque não havia para onde eles serem enviados”, disse.
Augusto Costa, para O Poder
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