Sétimo maior colégio eleitoral do interior do Estado, com 34,2 mil eleitores, o município de Maués (a 259 quilômetros de Manaus) tem dois pré-candidatos à prefeitura envolvidos em escândalos de nepotismo e em suspeita de desvios milionários de recursos públicos. Os dois, inclusive, são os que aparecem melhor posicionados em pesquisas eleitorais: o atual prefeito, Júnior Leite (PSC), que vai tentar a reeleição e, o ex-deputado Alfredo Almeida (PL). Em pesquisa divulgada pelo Instituto Pontual em junho deste ano, Leite aparece com 52,7% das intenções de votos contra 26,5% do ex-deputado.
Em seu primeiro mandato à frente de Maués, Júnior Leite foi alvo de uma representação do do Tribunal de Contas do Estado (TCE), em fevereiro de 2018, em que lhe é solicitado informações sobre valores gastos no festival da cidade e valores de cachês pagos para artistas de renome nacional que se apresentaram na festividade.
Dois meses depois, em maio, o Ministério Público do Estado (MP-AM), instaurou um Inquérito Civil para apurar a suspeita de nepotismo praticada na gestão de Júnior Leite.
Em junho de 2019, o prefeito de Maués voltou a virar alvo do Ministério Público, dessa vez, por suspeita de descaso com mortos enterrados no cemitério da cidade. A denúncia girava em torno da falta de manutenção, problemas com sepulturas violadas, além de acúmulo de lixo.
Desvio
Principal adversário de Leite, o pré-candidato Alfredo Almeida teve o nome vinculado a uma denúncia de produtores rurais em Maués, sobre o desvio de mais de R$ 2,2 milhões de verba estadual do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal do Amazonas (Idam), destinados à produção de peixes em viveiro na zona rural da cidade. A reportagem foi apresentada em rede local da antiga TV Em Tempo, atual TV Norte, afiliada do SBT.
O caso acabou virando inquérito de investigação pela Câmara Municipal de Maués. O valor desviado, conforme denúncia, seria celebrado em convênio entre a Associação Comunitária Agrícola dos Produtores das Estradas de Maués (Ascapem) e a Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror) para criação de peixes em cativeiro.
Acirrada
Este ano a disputa pela Prefeitura de Maués promete repetir a de 2016, quando Júnior Leite e Alfredo Almeida polarizaram aquele pleito, em que Leite saiu campeão, com 9,2 mil votos, seguido por Almeida, que teve 6,8 mil votos.
Outros nomes
Mesmo estando polarizada, a disputa pela administração da “Terra do Guaraná” deve ganhar novos personagens. É que nos bastidores, os pré-candidatos Miguel Belexo (MDB) e Padre Carlos Góes (PT) tentam se viabilizar politicamente para concorrerem ao pleito. Os dois são ex-prefeitos da cidade e possuem condenações em colegiados de contas, o que configura inelegebilidade.
Belexo foi condenado em 2018 por diversas irregularidades em sua gestão em Maués pelo Tribunal de Contas da União (TCU). Por sua vez, o Padre Carlos foi condenado ainda este ano, pelo TCE, a devolver mais de R$ 20 milhões aos cofres públicos por má-gestão de recursos públicos.
Enfrentamento
Esgotamento sanitário e urbanização serão os principais enfrentamento do novo gestor, levando em consideração que dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que a cidade tem apenas 27,1% de esgotamento sanitário adequado, e apenas 2,2% de urbanização de vias públicas, ou seja, locais com asfaltamento, calçadas e meio fios.
Henderson Martins, para O Poder
Foto: Montagem