novembro 15, 2024 20:35

Proposta de auxílios revela desespero de candidatos pela segunda vaga na eleição, avaliam sociólogos

A proposta de oferecer programas de auxílios financeiros para pessoas de baixa renda na capital amazonenses por, ao menos quatro candidatos que disputam à Prefeitura de Manaus, foi considerada um mecanismo de “tudo ou nada” para vencer as eleições municipais pelo cientista político consultado pelo Portal O Poder, Ademir Ramos

Para ele, nessa reta final, os candidatos vão partir para tudo ou nada, ainda mais, os prefeituráveis que estão na disputa pelo segundo lugar na corrida eleitoral.

“O importante é que a Justiça Eleitoral opere e regre esse tipo de comportamento. Como estamos na condição de pandemia, esses candidatos vão se valer dessa condição de fragilidade do povo para criar terror, medo e prometer mundos e fundos”, ressaltou Ramos, que também é sociólogo.

O especialista afirma que esse tipo de comportamento, a criação desse auxílio, é uma agressão ao povo manauara. “Eles pensam que o povo é bobo, mas, o povo sabe que tudo isso trata de uma grande farsa. Tudo isso é o desespero, a disputa pelo segundo lugar”, disse.

‘Parcela assistencial’

O advogado e cientista político Carlos Santiago, disse que a campanha eleitoral está em uma fase em que o eleitor indeciso começa a escolher os seus candidatos. “Em uma disputa por uma vaga no segundo turno, os candidatos identificaram que uma parcela significativa do eleitorado está recebendo o auxílio emergencial do governo federal, e só receberá isto até dezembro, então, os candidatos criam essa proposta assistencial para essa parcela de eleitor”, explicou especialista.

Para o advogado, não é uma proposta original dos candidatos da cidade de Manaus, pois, é o mesmo artificio usado por diversos candidatos Brasil à fora. Ele ressalta que o grande problema, é que hoje, o orçamento da Prefeitura de Manaus não comporta o pagamento de um auxílio emergencial nos valores que estão propondo os candidatos.

“Nem o governo federal, que tem mais fôlego para isso, está aguentando, imagina uma prefeitura como a da cidade de Manaus, que tem um déficit orçamentário de meio bilhão de reais”, disse Santiago.

Conforme o especialista, na reta final da campanha, existem muitas propostas dos candidatos com o objetivo de chegar no segundo turno. Carlos Santiago pede que os eleitores fiquem atentos para que não caiam em propostas e promessas que nunca sairão do papel. “Para esses candidatos é mais importante promoter do que realizar”, disse.

‘Populismo eleitoreiro’

O candidato da coligação “Manaus tem Pressa”, Romero Reis (Partido Novo), criticou o  que chamou de “populismo eleitoreiro” nesta época, com promessas de oferecer bolsas e auxílios à população. “Na política o que você vê é esse populismo. Há dez dias da eleição tem candidato dizendo que vai dar R$ 180, R$ 200, R$ 300. Na minha visão é uma irresponsabilidade. É o tipo de atitude que desestrutura a gestão pública”, declarou.

Romero ressalta que a Prefeitura de Manaus não terá recursos no orçamento para auxílios, no ano que vem. “Aí aparece candidato dizendo que vai dar auxílio. É o bolsa-emprego, é o bolsa-família, é o bolsa-leite. Na verdade, é o bolsa-voto. Temos que ter coragem de dizer! Na nossa administração vamos gerar emprego e renda. A prefeitura vai cuidar das pessoas com dignidade e respeito. As outras ações são populistas e não são a solução”, disse Romero.

Proposta

Recentemente, os candidatos José Ricardo (PT), Alberto Neto (Republicanos) e David Almeida (Avante), prometeram benefícios financeiros para substituir o valor pago pelo governo federal, o “Auxilio Emergencial”.

José Ricardo no último dia 29, anunciou o programa “Nosso Auxílio”, no montante de R$ 180 e que deve beneficiar 77 mil famílias. Na sequência, Alberto Neto anunciou que a partir de janeiro, caso seja eleito, vai criar o “Auxílio Emergencial Municipal”, no valor que poderia chegar até R$ 522,00 por pessoa e beneficiaria 100 mil pessoas manauaras.

O candidato à Prefeitura de Manaus, David Almeida, prometeu criar o “Auxílio Manauara”, no valor de R$ 200.

Não tão diferente de outros candidatos, o ex-governador Amazonino Mendes (Podemos) anunciou que vai relançar o cartão “Direito à Vida”. O anúncio foi feito em reunião por videoconferência com os moradores do bairro Cidade de Deus, Zona Norte, na noite da última terça-feira, 3.

O “Cartão Direito à Vida” foi criado por Amazonino Mendes em 1996 e chegou a beneficiar 104 mil famílias. Como prefeito, no período de 2009 a 2012, Amazonino criou o Bolsa Família Municipal. O recurso atendia a 67 mil famílias de Manaus.

Disputa

Na reta final, os candidatos brigam pela vaga do segundo turno. Conforme pesquisa do Instituto Pontual, a 17 dias da eleição, David Almeida aparece em segundo lugar, bem abaixo do primeiro colocado, Amazonino Mendes (Podemos), com 33,2% das intenções de votos contra 14,6% de Almeida.

No terceiro lugar, subindo uma posição, vem o candidato Ricardo Nicolau (PSD), com 9,3%, tendo em seu rastro, o deputado federal José Ricardo (PT), com 7,2%.

O candidato Alberto Neto (Republicanos), se manteve na quinta posição, com 5,6%, tendo Coronel Menezes lhe ameaçando, com 4,5%.

Prazo

Conforme o calendário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o prazo de 12 de novembro é o último dia para a divulgação da propaganda eleitoral gratuita no rádio e na televisão relativa ao primeiro turno. Ou seja, quando os candidatos devem apresentar mais propostas e promessas para atrair os eleitores.

Ainda conforme o calendário, esse é o último dia para propaganda política mediante reuniões públicas ou promoção de comícios e utilização de aparelhagem de sonorização fixa, entre as 8h e as 24h, com exceção do comício de encerramento da campanha, que poderá ser prorrogado por mais 2 horas.

Também esse é o último dia para a realização de debate no rádio e na televisão.

 

 

Henderson Martins, para O Poder

Foto: Divulgação

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