Presidente municipal do PP, o médico urologista George Lins vai disputar, pela primeira vez, uma eleição e já entra na disputa como candidato a vice-prefeito de Manaus, na chapa “Pra Voltar a Acreditar”, encabeçada pelo deputado estadual Ricardo Nicolau (PSD).
Aos 37 anos de idade e uma carreira toda dedicada à saúde, George Lins, que tem em seu DNA a política amazonense – ele é filho do deputado estadual Belarmino Lins e sobrinho do deputado federal Átila Lins – desenvolveu propostas voltadas à saúde municipal, caso seja eleito com Nicolau para administrar Manaus, mas também aponta soluções para a geração de emprego na cidade, principalmente para fazer frente aos impactos negativos advindos da pandemia do novo coronavírus.
Na entrevista ao Portal O Poder, o candidato também se manifesta sobre a gestão do atual prefeito, Arthur Neto (PSDB), que se encerra no dia 31 de dezembro, e fala da influência do pai e do tio para entrar na política partidária.
Veja a entrevista completa:
O PODER – O senhor está estreando na política partidária e na disputa de uma eleição municipal. Seu foco de atuação é a saúde, quais serão as suas contribuições, num eventual governo de Ricardo Nicolau à frente da Prefeitura de Manaus?
George Lins – Acumulo 12 anos de prática médica. Sou cirurgião-geral e urologista e, nesses 12 anos, sobretudo no serviço público onde tenho uma atuação muito forte na Fundação Cecon e Hospital Universitário Getúlio Vargas, eu pude perceber e entender que cuidar da vida das pessoas, salvar vidas, que sempre foi a minha missão como médico, poderia ser ampliado, uma vez que cuidar da vida das pessoas é se preocupar com o transporte público, com a educação, com a infraestrutura urbana, com a segurança pública, enfim, é se preocupar de uma forma mais holística, já que esses problemas que citei podem influenciar direta e indiretamente na saúde das pessoas. A saúde, sem dúvida nenhuma é a nossa principal bandeira, minha e do Ricardo Nicolau. Nós vamos revolucionar aumentando a cobertura da rede de atenção básica, que hoje em Manaus é de 60%, para 100%. A gente percebe que 40% da população está descoberta, isso na prática se confirma uma vez que muitas UBS’s estão fechadas e mesmo aquelas que estão abertas faltam médicos, faltam enfermeiros e muitas vezes só tem o técnico de enfermagem. Enfim, é poder fazer e fazer muito pela rede de atenção básica que é competência da prefeitura. Nós temos também o Centro de Atenção Integral a Saúde, uma vez que hoje o cidadão manauara que precisa de uma consulta com especialista, precisa recorrer o SisREG e para conseguir uma consulta de uma especialidade como a minha, urologia, demora em média um ano. A gente quer oportunizar, através dos Cais (Centro de Atenção Integral à Saúde), médicos especialistas para poder dar esse atendimento nas especialidades, nas mais variadas especialidades médicas. A gente quer também dar oportunidade pra melhorar a saúde de nossas queridas mulheres, uma vez que o câncer de colo uterino é motivo de vergonha pra nós amazonenses. Vamos mudar isso com as clínicas especializadas com a saúde da mulher com o instituto municipal de prevenção e cuidado com a saúde da mulher. A minha contribuição é poder estar ao lado do Ricardo, contribuindo com o conhecimento que eu tenho na área da saúde pra melhorar essas questões mas também, pra aprender com ele, porque há muito o que ser feito e não se restringe a perdas na saúde. O transporte coletivo padece de melhorias, carece de realmente de um governante que possa fiscalizar essas empresas que muitas vezes não cumprem com os contratos vigentes junto à prefeitura. É também fazer muito pela educação, nós temos a evasão escolar que no ensino fundamental é altíssima. É poder reformular o programa pedagógico, agregando tecnologia na forma de ensinar, estimulando hoje os nossos jovens. É importante a gente oportunizar a nossa juventude ao primeiro emprego com cursos profissionalizantes, cursos técnicos no período noturno onde as escolas estão fechadas. Enfim, fazer incentivos públicos para que esses jovens possam se inserir no empreendedorismo, investir nessa questão dos negócios, ter educação financeira nas escolas, poder fazer e fazer muito nos mais variados segmentos. A minha contribuição é atuar de forma leal com parceria, companheirismo.
O PODER – Sua contribuição seria apenas na qualidade de vice-prefeito ou o senhor almeja ocupar alguma secretaria municipal na gestão municipal?
George Lins – Já fui muitas vezes questionado, mas o nosso foco agora, nosso principal objetivo, é ganhar primeiramente a eleição. Nós estamos concentrados nesse objetivo, se Deus quiser vamos conseguir, vamos ter êxito, essa é a esperança que eu tenho, confiantes essa é a luta que estamos travando no momento. Nós não temos conversado sobre essa questão de secretariado, do papel que o George teria na estrutura da prefeitura. Mas o que eu quero dizer a vocês é que nós estamos dispostos a governar juntos. Eu não quero ser um vice que possa ficar lá, de braços cruzados, sem poder dar minha contribuição. Quero ser um vice-prefeito atuante que possa realmente se empenhar para ajudar o povo da cidade de Manaus e promover mudanças estruturantes na nossa querida Manaus.
O PODER – Como avalia a gestão de 8 anos do prefeito Arthur Neto? E durante a pandemia do novo coronavírus?
George Lins – Por ser médico e ter uma atuação forte no sistema público de saúde, a gente observa que a gestão do prefeito Arthur é uma gestão que, infelizmente, não priorizou determinados segmentos que são fundamentais, e o reflexo disso é a infelicidade e a insatisfação que o povo de Manaus tem com a sua gestão. Uma gestão que de fato não priorizou a saúde, muitas UBS’s fechadas, aquelas UBS’s que estão abertas faltam profissionais médicos, faltam enfermeiros, só tem muitas vezes o técnico de enfermagem, faltam medicamentos. Você vê uma rede de atenção básica que não é efetiva e isso a pandemia revelou pra todos nós porque o problema da saúde começa lá na rede de atenção básica e isso você evita os problemas lá na frente, no nível de atenção secundária e terciária. O que eu posso dizer é que o prefeito Arthur chega ao final do seu segundo mandato, oito anos de gestão, acumulando inúmeros problemas na cidade de Manaus, na sua gestão, uma gestão que realmente perdeu o foco na minha opinião e que deixou a desejar essa questão toda relacionada a saúde e ao transporte. A infraestrutura urbana, começou a fazer umas obras agora na reta final, mas eu acho que realmente é uma gestão que se comprometeu de forma significativa e não beneficiou ou priorizou o povo da cidade de Manaus.
O PODER – Manaus está sofrendo diretamente os efeitos negativos da pandemia do novo coronavírus. No plano de governo, seu e de Nicolau, quais medidas devem ser aplicadas para 2021 para mitigar esses problemas?
George Lins – Sem dúvida nenhuma, a economia do nosso Estado é de certa forma fragilizada porque depende de uma única matriz econômica, que é a nossa querida Zona Franca de Manaus, que ainda é necessária e o principal fio condutor da economia, gerando mais de 500 mil empregos através de 400 empresas instaladas no Polo Industrial. A gente precisa criar alternativas para movimentar a nossa economia para que, através disso, nós possamos gerar emprego e renda na cidade, criar modelos econômicos e de matrizes econômicas que possam complementar a ZFM, atuando no turismo, no agronegócio, atuando na biotecnologia. Estamos aqui no coração da floresta amazônica. Precisamos explorar o ramo dos cosméticos, dos medicamentos, a gente tem aqui como investir pesado com essa matriz econômica, que estou sugerindo, e daí também numa economia popular. Como foi dito, Manaus sofreu muito com o desemprego diante do processo do contexto da pandemia do novo coronavírus. Queremos, como programa de governo e como meta, caso cheguemos à Prefeitura de Manaus, ter o programa “Faz Manaus”, que visa na construção de um distrito da economia popular, oportunizando àqueles trabalhadores informais, a costureira que está no bairro, o borracheiro que está ali no trabalho informal, aquele produtor rural, que está na zona rural que tenha plantação de abacaxi, por que não oferecer um padrão industrial para que ele possa processar o abacaxi e possa comercializar a fruta, a polpa de frutas. Por que não pegar aquela costureira e dar um padrão industrial para que ela possa confeccionar os fardamentos para as escolas da prefeitura, os lençóis e as fronhas para os hospitais para unidades de saúde da prefeitura, enfim, é poder movimentar a economia e fazer com que a gente consuma o que é produzido efetivamente aqui.
O PODER – Quais propostas o senhor agregou ao plano de governo de Ricardo Nicolau para serem aplicados a longo prazo?
George Lins – Muitas das propostas a gente vai, se chegar à Prefeitura de Manaus, discutir em conjunto porque nós entendemos que vamos comandar juntos essa cidade e poder fazer as mudanças estruturantes que Manaus tanto merece, tanto necessita trazendo mais qualidade de vida e dignidade que povo de Manaus. Claro que algumas metas para serem atingidas, elas levarão algum tempo, ou seja, as mudanças vão acontecer de forma gradativa, porém outras, devem ser implementadas em curto e médio prazo, como por exemplo, eu quero citar o primeiro hospital de Manaus, que está em nosso plano de governo. Inclusive, nosso primeiro ato de governo é a construção desse hospital em apenas 180 dias, ou seja, em seis meses esse hospital vai estar de portas abertas para a realização de cirurgias efetivas para a população de Manaus. A gente não quer aqui prometer para as pessoas, isso a gente tem reforçado para cada visita, cada reunião, nós não queremos propor mudanças fantasiosas ou milagrosas. A gente precisa ter pés no chão para poder entender que o processo de administrar a cidade complexa como Manaus, que tem muitos problemas. Muitos dos feitos e muitas das mudanças vão ocorrer gradativamente. Então, o nosso compromisso é governar com o coração, nos empenhando, nos doando de corpo e alma para que essas mudanças aconteçam.
O PODER – Seu interesse em disputar as eleições municipais deste ano foram tomadas por influência de familiares? O que lhe motivou a se candidatar?
George Lins – Sempre fui um fascinado, sempre fui um entusiasta da política porque eu acredito que a política é uma ferramenta extraordinária para promover mudanças, para promover transformações positivas na vida das pessoas e na cidade, no Estado. Então é claro, eu cresci na política vendo e tendo como exemplo dois grandes parlamentares e com uma grande atuação, sobretudo no interior do Estado e é natural que essa fascinação e todo esse entusiasmo, realmente se materialize de forma muito mais intensa. Mas eu quero dizer a vocês, também, que eu sou um médico. Tenho 12 anos de prática, tenho experiência no serviço público e ao longo desses 12 anos eu fui atingindo um grau de maturidade entendendo que como médico eu ajudo, mas que como político eu posso ajudar muito mais. Eu posso contribuir muito mais, enfim, ajudando para que essas pessoas possam ter mais qualidade de vida, que não somente ali, atuando no consultório e realizando uma cirurgia, eu posso atuar ajudando no transporte dessas pessoas, na educação dos seus filhos, na segurança dessas pessoas ao caminharem pelas vias públicas da cidade, enfim. Eu consegui entender, que, como político, eu posso fazer mais e me sinto com essa missão de ajudar o meu próximo, de ser um governante que possa ser admirado e respeitado pela população. Muitas vezes eu já fui estimulado a entrar antes na política, mas eu sempre relutei porque entendia que a posição que o político, a atividade exige muito compromisso e responsabilidade porque você lida com vidas e eu, como médico lido com vidas e sei o quanto isso exige responsabilidade e compromisso. Então eu precisei me firmar como médico, chegar onde sempre quis chegar como médico especialista e hoje, sim, me sinto preparado, maduro o suficiente pra entender que como político eu tenho uma missão muito maior. A vida quis, tudo conspirou para que eu me tornasse candidato a vice-prefeito.
Ana Flávia Oliveira, para O Poder
Fotos: Divulgação/Assessoria