setembro 21, 2024 08:53

ELEIÇÃO: Em Manaus, efeito Covid deve contribuir para um alto índice de abstenção nas urnas

A pandemia da Covid-19 e o crescente número de infecções pelo vírus poderão ser um dos fatores que deverão contribuir para o alto índice de abstenção de eleitores nas urnas no dia da eleição, que acontece neste domingo, 15, em que serão escolhidos prefeitos e vereadores na capital e interior.

Apesar de os números de abstenções das eleições municipais de 2016, em Manaus, serem menores que os de 2012, o novo quadro pode mudar devido à nova realidade imposta pelo coronavírus em todo o mundo. Em 2012, 212.961 (18,08%) dos eleitores deixaram de ir às urnas na capital amazonense. Nas eleições de 2016, o número caiu para 119.473 (9,50%), menor que o pleito anterior. No entanto, nas eleições gerais de 2018, os números saltaram para 519.229 (21,39%).

A própria contaminação pela Covid, o medo de contágio e ausência no dia de votação do grupo de risco – pessoas que tenham mais de 65 anos e que no Amazonas somam mais de 221,7 mil do eleitorado – segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – podem ser fatores que elevem o índice de abstenções. Um total de 2,5 milhões de eleitores estão aptos a votar no pleito deste ano em todo o Estado.

Foto: Print do TSE

Em live realizada pelo Comitê de Combate à Corrupção e ao Caixa Dois Eleitoral-Amazonas, em parceria com o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), no último dia 9, o promotor Eleitoral do Ministério Público do Amazonas (MP-AM), Weslei Machado, reforçou a orientação do TSE, de que os eleitores que, entre os dias 2 de novembro ou até o dia da eleição, tenham sido diagnosticados ou apresentem os sintomas da covid-19, não devem votar.

Conforme o promotor, esse eleitor deve justificar sua ausência, demonstrando que foi diagnosticado com a doença, o que irá isentá-lo de multas e penalidades pelo não comparecimento, uma vez que o voto é obrigatório. Fato esse que pode justificar a elevação do número de abstenções.

Abstenção recorde

Para a coligação “Aliança por Manaus”, do candidato Alberto Neto (Republicanos), possivelmente ocorrerá o recorde de abstenções nessa eleição. E o motivo não é só os efeitos da pandemia. “Há décadas nosso povo padece de atenção e cuidado. Temos feito o nosso papel, estimulando a população para que não perca a oportunidade de deixar sua vontade soberana expressa nas urnas, exercendo sua cidadania na busca de dias melhores”, diz em nota a assessoria da chapa.

A coligação “Pra voltar a Acreditar” do candidato Ricardo Nicolau (PSD), em nota, disse que neste ano, com a pandemia, a tendência é o número de abstenções aumentar. “Estamos trabalhando para conscientizar as pessoas sobre a importância do voto. Estamos vivendo um momento delicado. As pessoas estão corretas em se preocupar com as suas vidas e decidir quem será o prefeito em um momento de pandemia como este terá importância fundamental para os próximos anos. São nos momentos ruins que o verdadeiro líder aparece e comanda o processo de recuperação da cidade”, ressaltou a nota.

O coordenador de campanha de José Ricardo (PT), Jorge Guimarães, disse que a coligação ‘Manaus pela vida, pelos pobres’, tem como uma das preocupações a garantia do direito do voto. “Nas panfletagens e demais abordagens com os(as) eleitores(as) temos reforçado a necessidade de participação no pleito, bem como o cumprimento dos protocolos em razão da pandemia”, disse.

Guimarães disse que as pesquisas têm mostrado um índice de possíveis abstenções consideráveis e a nossa estratégia tem sido de mostrar a importância da participação do eleitor para eleger pessoas comprometidas com a vida e com os pobres.

Desafio

A própria Secretaria de Estado de Saúde (SES) considera o pleito municipal deste ano em um contexto desafiador, devido à pandemia do novo coronavírus, e reforça que os cuidados com a prevenção no dia da votação precisam ser redobrados. O alerta é do infectologista da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), Antônio Magela, que listou uma série de dicas para o eleitor amazonense que irá às urnas no próximo domingo.

Segundo o infectologista, a principal proteção é o uso de máscara facial durante todo o período que estiver fora de casa, ou seja, o eleitor deve se proteger desde o momento que deixar a residência para votar, sem retirar a máscara e protegendo sempre nariz e boca corretamente.

O plano aprovado pelo TSE e baseado na lei federal 13.979/2020 (de enfrentamento ao coronavírus) prevê, entre outras normas, a obrigatoriedade do uso de máscara e apresentação de um documento com foto no dia da eleição.

De acordo com o infectologista, além disso, quem puder, deve comparecer ao local de votação sozinho, evitando levar crianças ou qualquer outro acompanhante. “Observar com bastante critério as regras de distanciamento social. Ir votar de maneira individual. Tivemos algumas eleições que as pessoas comparecem em núcleos familiares para votar, levavam crianças (…), mas nesta eleição temos essa característica diferente. Então, que o eleitor possa votar de maneira individual, evitando aglomerações”, reforçou.

O infectologista também ressalta que e se a pessoa tiver qualquer sinal ou sintoma de que possa indicar que esteja com gripe ou infecção respiratória, ela não deverá comparecer à votação, fazendo a justificativa que é prevista em lei.

Com relação ao uso da urna eletrônica, que tem a utilização comum por todos os eleitores, Magela afirma que é necessária a higienização das mãos antes e depois de acessar o equipamento.

“Em relação à urna, a orientação é que a pessoa sempre que possível leve seu frasco de álcool em gel (70%), sabendo que ele também vai estar disponível nos locais de votação. A pessoa faz a higienização das mãos antes de votar e imediatamente após o ato de votar, porque tocou diretamente nas teclas”, alertou.

Após os 70 anos, a legislação brasileira destaca que é facultativo a obrigatoriedade ao voto. Mesmo assim, o infectologista ressaltou a faixa de horário que terá atendimento prioritário, como alternativa mais segura, aos idosos e pessoas que fazem parte do grupo de risco, que desejam exercer o voto.

“Há um horário especial para os idosos. É preciso que se tenha essa observação, no período das 7h às 10h da manhã, sendo prioritário para os idosos já é um fator de proteção para todos”, pontuou.

Sem resposta

Procurado pelo Portal O Poder, o presidente do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-AM), Aristóteles Thury, não comentou sobre a possibilidade de abstenções durante as eleições.

 

 

Henderson Martins, para O Poder

Foto: Divulgação

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