A Polícia Federal no Amazonas deflagrou, na manhã desta segunda-feira, 30, a terceira fase da Operação Sangria, que investiga a suspeita de superfaturamento na compra de respiradores pulmonares para o enfrentamento da Covid-19 pela Secretaria de Estado de Saúde (SES). Um dos alvos dessa nova operação, segundo informações extraoficiais, foi o secretário da Casa Militar do governo, Fabiano Bó.
De acordo com a PF, são investigados ainda, fatos relacionados a possíveis práticas de crimes como pertencimento a organização criminosa, fraude a licitação, desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro.
A ação, conforme a polícia, visa a cumprir quatro mandados judiciais de busca e apreensão, expedidos pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). Todos os mandados estão sendo cumpridos na cidade de Manaus.
Investigação da PF apontam que, a partir dos elementos de prova angariados após o cumprimento dos mandados judiciais nas fases anteriores, identificou-se que funcionários do alto escalão da Secretaria de Saúde do Amazonas direcionaram, em favor de uma empresa investigada, uma licitação cujo objeto seria a aquisição de respiradores pulmonares, sob orientação da cúpula do governo do Estado.
“Antes da abertura da licitação, a empresa investigada adquiriu parte dos respiradores pulmonares em outro Estado da federação. Ato contínuo, o próprio governo do Amazonas trouxe, mediante transporte aéreo, os equipamentos adquiridos pela empresa, custeando o frete”, disse a PF.
Ainda de acordo com as investigações, com a chegada dos respiradores pulmonares em Manaus, a empresa investigada, mediante acerto, repassou-os à empresa comercializadora de vinhos. Em seguida, houve a adjudicação da dispensa de licitação fraudulenta em favor da empresa distribuidora de bebidas, a qual entregou os produtos que a empresa investigada já tinha adquirido de fornecedores e o próprio governo do Amazonas os transportou para Manaus no dia anterior à contratação da empresa de vinhos.
“As triangulações realizadas entre as empresas investigadas, bem como o fretamento aéreo dos respiradores pulmonares custeado pelo Governo do Amazonas, aumentaram a margem de lucro ilícita dos investigados. Destaca-se que o Edital de dispensa de licitação é explícito que tais custos deveriam ficar à cargo da empresa contratada, e não do Governo”, destacou a PF.
Conforme a Polícia Federal, os indiciados poderão responder, na medida de suas responsabilidades, pelos crimes de fraude à licitação, peculato, pertencimento a organização criminosa e lavagem de dinheiro. Se condenados, poderão cumprir pena de até 30 anos de reclusão.
O nome da operação é uma alusão às suspeitas de que uma revendedora de vinhos tenha sido utilizada para desviar recursos públicos que deveriam ser destinados ao sistema de saúde.
Henderson Martins, para O Poder
Com informações da Polícia Federal
Foto: Divulgação