O vice-governador do Amazonas, Carlos Alberto Almeida Filho (sem partido), desapareceu dos holofotes políticos desde o dia 28 de outubro do ano passado, quando convidou a imprensa para um pronunciamento sobre a Operação Sangria, que terminou em barraco com a agressão contra uma jornalista por parte de uma das suas seguranças.
Carlos Almeida, que se apresentava como amigo fiel do governador Wilson Lima, do PSC, durante a campanha de 2018 e nos primeiros meses após serem eleitos com mais de 1 milhão de votos, viu seus sonhos políticos ruírem com as primeiras crises enfrentadas pelo governo.
No dia 28 de outubro do ano passado, Carlos Almeida Filho, convidou a imprensa para fazer um pronunciamento sobre a Operação Sangria que investiga superfaturamento e direcionamento de 28 ventiladores pulmonares, da qual foi alvo de busca e apreensão na segunda fase.
Na segunda fase da operação, a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF) afirmam indícios de que Carlos Almeida teria participado das tratativas antes da compra dos 28 aparelhos superfaturados. Após apenas ler um longo pronunciamento alegando nenhum envolvimento, Carlos Almeida levantou e saiu sem responder nenhum questionamento feito por jornalistas convidados.
Carlos se afasta do governo
Em maio do ano passado, o vice-governador deixou o comando da Casa Civil alegando não concordar com os rumos da atual administração. Em uma nota divulgada um dia após ser alvo da Operação Sangria, o vice-governador alegou ser inocente e voltou a reforçar que saiu do comando da Casa Civil porque não concorda com os rumos da atual administração.
“Justamente por não concordar com os rumos da atual administração que me desliguei da Casa Civil no início de maio deste ano. Afirmo que não pratiquei qualquer conduta ilícita, motivo pelo qual fiz questão de esclarecê-las, de pronto e de forma voluntária, na DPF, na tarde desta quinta-feira. Ressalto que, apesar do constrangimento e do dano à imagem, entendo o contexto das medidas de busca, razão pela qual colaborei com o procedimento, e desde então, me dispus à contribuição com a Justiça”, dizia a nota.
Nem pisa na sede
Desde que anunciou publicamente o rompimento com o governador Wilson Lima, Carlos Almeida não pisa mais na sede do governo, segundo fontes informaram ao Portal O Poder.
As redes sociais do vice-governador, que eram bastante alimentadas com suas ações e do governo do Amazonas, também não foram mais atualizadas. Sua última postagem na rede social Instagram foi feita no dia 7 de outubro de 2020, não tinha nenhuma menção política e foi uma homenagem a um amigo que morreu.
O fato de o ex-governador ter desaparecido causa estranheza já que o Amazonas passa por uma grave crise agravada pela pandemia do novo coronavírus, onde o Estado já ultrapassa 8 mil mortes e pessoas sofrem nos leitos públicos.
Sem retorno
O Poder tentou contato com o vice-governador por meio de ligações, mas não obteve sucesso. A reportagem também acionou o assessor de imprensa de Carlos Almeida, que recebeu os questionamentos, mas também não emitiu nenhuma resposta.
Salário em conta
Apesar de estar ausente no governo, o vice-governador segue recebendo em dias a remuneração conforme consta no Portal da Transparência na pasta da vice-governadoria. Em dezembro do ano passado, o governador recebeu R$ 32.200,00.
Álik Menezes, para O Poder
Foto: Divulgação