Com a esperança de deixar para trás anos de dificuldades econômicas, os eleitores do Equador elegem neste domingo (7) um novo presidente, escolhendo entre candidatos que permanecerão com a atual visão pró-mercado dos últimos quatro anos ou retornarão à generosidade socialista da década anterior.
O esquerdista Andrés Arauz, apoiado pelo ex-presidente Rafael Correa, lidera as pesquisas com a promessa de reverter as medidas de austeridade e distribuir US$ 1 mil a um milhão de famílias assim que assumir o cargo.
Ele enfrenta Guillermo Lasso, um banqueiro conservador que já disputou a presidência duas vezes e que prometeu criar empregos e estimular a economia por meio de investimentos estrangeiros, reduções de impostos e um aumento na produção de petróleo no país.
Arauz tem 30,8% das intenções de votos de acordo com média das dez pesquisas eleitorais mais recentes realizadas no país. Lasso aparece com 22,3%, seguindo por Yaku Perez, que tem 13,5% das intenções de votos.
Se nenhum candidato obtiver mais de 50% dos votos válidos ou 40% e 10 pontos percentuais a mais que o segundo colocado, o segundo turno da votação presidencial será realizado em 11 de abril.
“O equatoriano (médio) está vendo qual dos dois candidatos pode tirá-los do problema econômico em que se encontram”, disse Francis Romero, diretor da empresa de pesquisa Click Report. “O eleitor está desiludido com a política e só procura alguém para resolver os problemas econômicos.”
A economia do país foi fortemente atingida pela pandemia do novo coronavírus desde o início de 2020, pelos preços baixos do petróleo e por medidas de austeridade para equilibrar as contas do governo após anos de gastos pesados ??e empréstimos excessivos.
O presidente Lenín Moreno, ex-aliado de Correa, não disputará um segundo mandato. Ele ajudou a fortalecer as finanças do governo com cortes de gastos e um acordo de financiamento com o Fundo Monetário Internacional (FMI), mas não foi capaz de reativar a economia.
Cerca de 13 milhões de equatorianos estão registrados para votar em meio a medidas de prevenção contra a Covid-19, que podem limitar a participação. O conselho eleitoral aumentou o número de centros de votação para evitar multidões.
Vencedor enfrentará grandes desafios
O maior desafio de Arauz, se ganhar, será encontrar os fundos necessários para o pagamento do bônus prometido às famílias.
“Se não cumprirmos [a promessa], o povo equatoriano ficará tremendamente indignado e perderá a fé no governo”, disse Arauz em entrevista recente.
Lasso, por sua vez, adaptou sua retórica para acomodar a crescente desaprovação das medidas de austeridade, oferecendo um plano de assistência social para famílias vulneráveis ??e um aumento do salário mínimo.
Mas ele ainda enfrenta ceticismo sobre sua formação, mesmo entre aqueles que o apóiam.
“Eu prefiro Lasso, embora não goste que ele seja um banqueiro”, disse Yolanda Acosta, de 56 anos, que perdeu o emprego devido à pandemia. “Ele oferece trabalho, que é o que precisamos e não aquilo [pagamentos de bônus] que não resolvem nossos problemas econômicos.”
O advogado e ativista indígena Yaku Pérez está atualmente em terceiro nas pesquisas, mas seu apoio tem aumentado e Lasso prometeu apoiá-lo se chegar ao segundo turno.
Os equatorianos também escolherão uma nova legislatura. As pesquisas mais recentes indicam que os aliados de Arauz devem ter uma forte presença no novo Parlamento do país.
O economista de 35 anos prometeu devolver ao país os programas de gastos e assistência sociais da era Correa, em parte revertendo um plano de austeridade vinculado a um acordo de financiamento do FMI.
Ele ingressou no governo Correa aos 22 anos e subiu na hierarquia para ocupar cargos de gerência média nos ministérios da Economia, Planejamento e no Banco Central. Em 2017, se mudou para o México para fazer doutorado em economia financeira, mas interrompeu os estudos para se candidatar à presidência.
Nascido em Quito em uma família de classe média, Arauz é casado, tem um filho e toca acordeão.
Sua plataforma inclui a promessa de dar US$ 1 mil a um milhão de famílias ao assumir o cargo, bem como aumentar os impostos de grandes empresas e aumentar o poder regulatório do estado.
Candidato presidencial duas vezes, Lasso prometeu estimular a economia aumentando o investimento estrangeiro na indústria privada e impulsionando a produção de petróleo, a exportação mais importante do país sul-americano.
Lasso, o caçula de 11 filhos, nasceu em uma família de classe média de Guayaquil. Aos 15 anos, começou a trabalhar na Bolsa de Valores da cidade e cresceu no setor financeiro do Equador até se tornar presidente do Banco de Guayaquil, que dirigiu por quase 20 anos.
Casado e com cinco filhos, também teve um breve período na subsidiária local da Coca-Cola e trabalhou por um curto período como ministro da Economia na década de 1990.
Lasso, de 65 anos, perdeu a presidência em 2013 para Correa por uma larga margem; em 2017, perdeu por pouco para o atual presidente Lenín Moreno.
O advogado Yaku Perez disputa a presidência com promessas de proibir a mineração industrial perto de rios e passou anos liderando protestos ambientais que o levaram a ser preso seis vezes.
O viúvo de 51 anos e pai de duas meninas nasceu Carlos Pérez, mas há três anos mudou seu nome para Yaku, que significa “água” na língua cañari quichua.
Ele entrou em conflito repetidamente com o governo de Correa devido à sua oposição à mineração industrial.
Ele também travou uma batalha judicial que levou à suspensão do projeto de mineração Rio Blanco na província de Azuay, onde durante anos participou de esforços comunitários para garantir que as aldeias andinas tivessem acesso à água.
“Minha luta tem sido pela água, e por defendê-la fui preso. Por amor à água, mudei meu nome”, diz em seu site, onde divulga sete livros que escreveu. Ele espera lançar um referendo nacional que proíba a mineração perto de bacias hidrográficas.
Pérez diz que vai tirar o Equador da crise econômica recuperando o dinheiro roubado por governos anteriores. Seu slogan de campanha é “Há dinheiro suficiente quando ninguém rouba”.
Conteúdo e Foto CNN