Ainda sofrendo com o impacto da chamada segunda onda de casos do novo coronavírus, cientistas apontam que o Amazonas está se aproximando da terceira onda do vírus. A afirmação é do mesmo grupo de estudiosos que previu, em artigo publicado na revista Nature, a segunda onda e o colapso no sistema de saúde do Amazonas.
Lucas Ferrante, biólogo, mestre em biologia e doutorando em biologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), cientista autor do primeiro artigo sobre a segunda onda na revista científica, afirmou que o novo estudo foi concluído há 10 dias e está, agora, em processo de revisão final.
“Este estudo usa uma das primeiras ferramentas de resposta a pandemias, modelos epidemiológicos do tipo SEIR (Susceptible – Exposed – Infected – Removed). Nós concluímos este estudo a menos de 10 dias e no momento ele se encontra em processo de revisão final em um periódico científico”, explicou.
O cientista afirmou que não existe outra saída senão medidas mais severas como o isolamento total. “Existe apenas uma saída para o enfrentamento da crise agora, um lockdown severo de pelo menos 20 a 30 dias com mais de 90% de Manaus em isolamento total. Para isso faz-se necessário a extensão do auxilio emergencial, concomitantemente com o lockdown. É necessário uma campanha de vacinação massiva propiciando a imunização de pelo menos 70% da população do Amazonas dentro de três meses”, disse.
Se medidas não forem tomadas urgentemente, o Estado do Amazonas corre o risco de espalhar a crise sanitária para todo o território nacional.
Governo responde
A reportagem de O Poder entrou em contato com a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) para questionar se o Estado já sabia do novo estudo e se já se prepara para a possível nova onda. Por meio de nota, o governo informou que “desde o início de janeiro vem adotando medidas de restrição, com decreto em vigor, para frear a transmissão do novo coronavírus no Estado. Com isso, já foi possível observar uma estabilização no número de casos e internações nos últimos 15 dias, mesmo que o Estado ainda esteja em fase de atenção em relação à pandemia”.
Álik Menezes, para O Poder
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