novembro 25, 2024 08:04

Especialistas acreditam em cenário de guerra com a pandemia no Brasil

“Vamos ter pessoas morrendo em casa ou morrendo na porta dos hospitais, porque não vamos ter onde interná-las. Vamos ter um cenário de guerra”, avalia Thaís Guimarães, médica infectologista e presidente da Comissão de Infectologia do Hospital das Clínicas.

A análise ocorre no momento de maior recrudescimento da segunda onda da pandemia do novo coronavírus no país, em meio ao temor de um colapso no sistema público de saúde. O Brasil registrou na quinta-feira (25) o segundo maior número diário de mortes desde o início da pandemia, ao todo foram 1.541 óbitos por Covid-19 contabilizados em um período de 24h.

Em meio à crise da saúde pública, que ocorre nas cinco regiões do país, a CNN ouviu especialistas sobre as previsões para as próximas semanas epidemiológicas.

“O cenário da pandemia para as próximas semanas se revela dramático. O que foi vivenciado em Manaus é o que devemos ter no resto do país nas próximas semanas”, diz Raquel Stucchi, professora da Unicamp e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia.

Segundo a especialista, a alta transmissão da Covid-19 é um dos principais fatores responsáveis pelo agravamento da pandemia, assim como o deslocamento da faixa de idade dos pacientes internados para abaixo dos 50 anos — grupo que tende a aglomerar, em especial os jovens.

Para a professora de epidemiologia Ethel Maciel, da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), as variantes da Covid-19 em circulação no país tendem a aumentar o índice de contaminação nas próximas semanas, principalmente quando combinadas com as aglomerações.

“O que podemos supor é que a P1 (variante identificada em Manaus) vai se tornar dominante e se espalhar rapidamente”, afirma.

Momentos diferentes

Apesar da circulação acelerada das variantes, a epidemiologista avalia que os estados não devem colapsar ao mesmo tempo.

“Se o país inteiro chegar ao nível de Manaus, com pessoas esperando tratamento de UTI, não é nem colapso, é tragédia. Médicos darão sentença de morte aos pacientes por conta do longo período de tempo esperando um leito.”

Ethel afirma que a vacinação em massa é a principal medida que poderia ser adotada para frear o avanço do vírus e suspender a transmissão das variantes.

“O que poderia mudar esse cenário é uma vacinação rápida, com mais de 1 milhão de pessoas sendo vacinadas por dia. Estamos colhendo agora a inação de 2020”, diz.

Efeito carnaval e colapso
A infectologista Raquel Stucchi explica que um colapso na saúde pública é caracterizado pela demanda de internação superior à capacidade de tratamento.

“100% de ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Tratamento Intensivo) é o colapso instalado. Mas, acima de 90% já estamos em colapso, porque não temos como fazer a rotatividade de leitos”, explica Thaís Guimarães.

De acordo com dados revelados pelas secretarias de Saúde, pelo menos quatro estados brasileiros ultrapassam 90% da taxa de ocupação das UTIs.

A situação é mais crítica em Rondônia, que usa 97,5% de suas vagas. Depois aparecem Acre (93,3%), Roraima (92%) e Amazonas (91,9%) – os quatro localizados na região norte.

Apesar dos estados do norte estarem em colapso, diversas cidades de outras regiões do país vivem a mesma situação, como Araraquara, em São Paulo, que atingiu 100% da ocupação dos leitos de UTI no último dia 17 de fevereiro.

 

Conteúdo : CNN Brasil

Foto: Reprodução – Agência Brasil

Últimas Notícias

Seminf renova contrato milionário com empresários presos pela PF

A Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf) renovou, por meio de um termo aditivo, o contrato de R$ 14,6 milhões...

Mais artigos como este

error: Conteúdo protegido!!