Dos municípios da Região Metropolitana de Manaus (RMM), Manacapuru, a cem quilômetros da capital amazonense, é a cidade mais afetada pela cheia deste ano. A afirmação é do coordenador da Defesa Civil do Município, Daniel Aguiar, feita durante a Audiência Pública “A enchente de 2021 e os impactos aos produtores”, realizada na manhã desta segunda-feira, 10.
“É uma enchente que não se esperava. Mesmo com toda a experiência de quem viveu outras enchentes, estamos em um momento atípico. Ainda estamos em meio a uma pandemia e também se fala em terceira onda. Estamos com muitos problemas”, relatou Aguiar.
De acordo com o especialista, são 180 comunidades rurais atingidas em Manacapuru. Dos 20 bairros da cidade, 12 estão afetados pela subida do nível de água. Além disso, são 8 mil famílias atingidas pela cheia, o que resulta em 32 mil pessoas afetadas na “Princesa do Solimões”.
“É uma das mais atingidas levando em consideração a dimensão que Manacapuru tem. Pedimos ajuda e celeridade. São nove quilômetros de pontes construídas em toda a cidade, com custo com madeiras e pregos. Quem banca é o município. Além disso, a cidade foi uma das mais afetadas pela pandemia”, enfatizou.
O coordenador também explicou que os prejuízos devem ter reflexos em Manaus, pois algumas comunidades fornecem alimentos para supermercados da região, como a do Arapapá, e a produção foi diretamente afetada.
“As localidades ribeirinhas trabalham dentro de um planejamento anual. Quem trabalha com agricultura já tem ideia de que a cheia vai acontecer, mas dessa vez é diferente, pois afetou lugares que, nesse período, conforme planejamento, não afetariam. Nós corremos para tirar a produção, porém teve um grande prejuízo com maracujá e banana, principalmente, na Comunidade do Arapapá, que abastece alguns supermercados grandes de Manaus”, contou Daniel Aguiar.
O coordenador informou, ainda, que Manacapuru já decretou Estado de Emergência, que está sendo analisado na Defesa Civil do Estado do Amazonas. “Existe uma aflição grande porque não se tem ideia onde a enchente chegará e o que ela afetará. A cada dia que passa, mais famílias estão sendo afetadas. Fazemos um apelo para que a ajuda venha logo, para que o prejuízo seja amenizado”, pediu.
Outros Problemas
Além da inundação, Daniel Aguiar expôs outros problemas enfrentados pelas famílias afetadas pela cheia. Segundo ele, animais peçonhentos entram ou rodeiam as casas alagadas.
“Existe uma preocupação com jacarés, cobras e outros animais que podem entrar nas casas, com as doenças que podem atingir essas famílias e com a recuperação dessas residências, em sua maior parte, feitas de madeira”, contou.
Outro assunto que preocupa é a Pandemia de Covid-19. Conforme relatado, muitos ribeirinhos temem o vírus e, por isso, evitam ao máximo refugiar-se na cidade.
“Antes, colocávamos todos em um abrigo na cidade. Agora, colocamos essas famílias seguindo as recomendações sanitárias para evitar contaminações”, explicou.
Audiência Pública
A Audiência Pública teve como tema “A enchente de 2021 e os impactos aos produtores” e foi proposta pelo deputado estadual Dermilson Chagas (Podemos), presidente da Comissão de Agricultura, Pecuária, Pesca, Aquicultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Comapa). Na ocasião, estavam presentes representantes da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (Faea), da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Amazonas (Fetagri), da Secretaria de Estado de Produção Rural (Sepror), do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas (Idam), do Comando Militar da Amazônia (CMA), da Comissão de Agricultura da Câmara Municipal de Manaus, da Defesa Civil do Amazonas, do CPRM, da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), prefeituras municipais, da Associação Amazonense de Municípios (AAM), da Federação dos Pescadores, da Agência de Fomento do Estado do Amazonas (Afeam), do Conselho Regional de Economia do Amazonas (Corecon), do Conselho Regional de Administração do Amazonas (CRA-AM), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea).
A Audiência foi transmitida pelo canal do YouTube da Casa Legislativa.
Priscila Rosas, para O Poder
Foto: Divulgação/Prefeitura de Manacapuru
Edição e Revisão: Alyne Araújo e Henderson Martins