julho 7, 2024 06:25

Juiz retira de pauta julgamento de secretário de Saúde e deputado estadual por compra de votos

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O juiz Luiz Alberto de Morais Júnior, relator do processo sobre compra de votos contra o secretário estadual de Saúde, Airton Cascavel, e o deputado estadual Eder Barcelos Brandão, conhecido como “Eder Lourinho” (PTC), retirou da pauta o julgamento do caso, que deveria ocorrer na próxima quarta-feira, 26, por videoconferência.

Morais Júnior alega “motivo de força maior” no despacho emitido nesta quinta-feira, 20, mas sugere que, “a bem da continuidade dos trabalhos, seja convocado o meu suplente para participar da sessão ordinária do dia 26 de maio”.

Entenda o caso

As investigações foram iniciadas após denúncias de compras de voto e prisão de duas pessoas por corrupção eleitoral em benefício de Cascavel e Lourinho, candidatos a deputados federal e estadual, respectivamente, no pleito de 2018.

O crime, de acordo com o Ministério Público Eleitoral (MPE), ocorreu no dia 6 de outubro, na véspera da votação, em Caracaraí, a 140 quilômetros de Boa Vista. Durante rondas no município, equipes de fiscalização encontraram uma caminhonete, modelo Amarok, em frente a uma casa, no bairro da Prainha, com várias pessoas em uma reunião.

Ao vistoriarem o veículo, os fiscais encontraram uma grande quantidade de material de campanha, incluindo do então candidato Eder Lourinho. O proprietário do veículo informou não saber o que transportava, no entanto, no porta-luvas da caminhonete estavam duas folhas com nomes anotados, além de uma em branco com campos para colocar “coordenadores e militantes”, e colunas para anotar possíveis eleitores, zonas e seção eleitoral. Uma das anotações dizia “20 pessoas R$ 100”; outra relatava que seriam R$ 1 mil para uma mulher identificada apenas como Luiza.

‘Dinheiro em troca de voto’

Várias pessoas encontradas na fiscalização foram ouvidas pela polícia e confirmaram o recebimento de R$ 100 para que votassem em Eder Lourinho e Airton Cascavel. Elas informaram que, nas reuniões, supostos representantes dos candidatos pediram votos e se comprometeram a pagar a quantia para quem assinasse uma lista. O pagamento, conforme os depoentes, foi feito um dia antes das eleições.

O Ministério Público ressaltou que o nome de um dos suspeitos consta da prestação de contas dos candidatos Lourinho e Cascavel feita ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “É evidente, assim, que os candidatos representados ofereceram, prometeram e entregaram aos eleitores, mediante o uso de pessoas interpostas, dinheiro em troca de voto, objetivando alavancar as candidaturas”, cita trecho do documento.

Embora não tenha sido eleito, Cascavel obteve muitos votos para deputado federal, constata o MPE. Em 3 de maio, ele assumiu a Secretaria de Saúde de Roraima.

Suspeito de estupro

Airton Cascavel responde ainda a um inquérito policial instaurado em janeiro de 2019 por suspeita de estuprar uma adolescente que, à época, tinha 13 anos. O crime, de acordo com denúncia da vítima, ocorreu numa chácara localizada no Monte Cristo, zona rural de Boa Vista. O caso foi informado à Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) pela mãe da garota.

Para o secretário, trata-se de uma acusação com interesses políticos, uma vez que o caso foi levado de “forma criminosa” à Assembleia Legislativa por um deputado, e teria também como objetivo atender a “interesses obscuros” da mãe da adolescente.

 

Érico Veríssimo, para O Poder

Foto: Redes sociais/Assembleia Legislativa

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