Denarium ignora ocupação de 100% e quer transferir pacientes de maternidade para hospital

Apesar de o Hospital Geral de Roraima (HGR) ter registrado ocupação de 100% dos leitos clínicos e semi-intensivos para infectados pelo coronavírus nos últimos dias, o governo anunciou que vai transferir pacientes da Maternidade Nossa Senhora de Nazaré para o Hospital Estadual de Retaguarda Covid-19 (Herc), que serviria para desafogar a principal unidade de saúde do Estado. De acordo com o Executivo, a maternidade, única de Boa Vista, passará por uma reforma geral.

Blocos de enfermarias, UTIs, centro cirúrgico, área administrativa e demais setores que envolvem a estrutura da maternidade serão montados no Herc. Como justificativa para a reforma do Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazaré, o secretário estadual de Saúde, Airton Cascavel, afirmou que o prédio foi construído há mais de 30 anos, tempo em que a “população quadruplicou”.

Outro lado

Em nota, o governo informou que as obras não atrapalham o atendimento dos pacientes, uma vez que é feito o remanejamento para blocos que já foram reformados e ampliados, para que seja dado início ao serviço de reforma, não havendo redução de leitos.

Ainda de acordo com a nota, estão sendo investidos cerca de R$ 6.933.988,05 que contemplam as seguintes unidades hospitalares: Unidade Mista Irmã Camila, em Iracema; Hospital Estadual Vereador José Guedes Catão, em Mucajaí; Hospital Délio de Oliveira Tupinambá, em Pacaraima; e a revitalização do Hospital de Caracaraí Irmã Aquilina. A origem dos recursos é do Governo Federal.

“A intenção do governo de Roraima é prestar uma saúde de qualidade e com ambiente confortável aos pacientes e equipes de profissionais”, conclui.

Descaso

Denúncias de negligência na Maternidade Nossa Senhora de Nazaré foram um dos assuntos discutidos na quarta-feira, 19, pela Comissão de Defesa dos Direitos Humanos, Minorias e Participação Legislativa. Falta de médicos e de material para cirurgias são os principais problemas, e já teriam causado a morte de recém-nascidos. Uma equipe técnica deve visitar a unidade para apurar as informações.

Uma das sugestões apresentadas pelos deputados na ocasião é a de que as denúncias sejam encaminhadas à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde, que está sendo conduzida pela Assembleia Legislativa de Roraima (ALE-RR).

Números altos

Nesta segunda-feira, 24, a taxa de ocupação de leitos clínicos e semi-intensivos permaneceu acima dos 100% pelo segundo dia consecutivo, conforme consta do boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesau).

Dois dias antes, houve uma redução de 44,5% no total de leitos do Hospital Geral de Roraima (HGR), o maior do Estado e principal local de tratamento de infectados pela Covid-19. De 267 leitos que havia na sexta-feira, 21, entre sábado e domingo esse número passou para 148. Em relação aos leitos clínicos, foram de 169 para 83; os de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que eram 90, chegaram a 60.

Até esta segunda-feira, Roraima registrava 1.610 mortes e 102.289 infectados. Havia 232 pacientes internados: 139 no HGR, 89 no Hospital de Retaguarda e 10 na maternidade de Boa Vista.

Da Redação, O Poder

Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil